terça-feira, dezembro 16

O erro estratégico que pode destruir o Governo Dilma e o PT

O grande cartunista Chico, como sempre, matando a pau...
Os mais próximos sabem que eu estou escrevendo um livro. O tema? Digamos assim que não é lá muito difícil saber... O livro se dá sobre o escândalo do mensalão e o seu maior expoente. Quem seria? Bom, também não é lá muito complicado saber... adiante.

Em Outubro de 2006 o PT entendeu que estava acima do bem e do mal. Afinal até mesmo para o PT a vitória em 2002 fora mais produto da situação econômica do que por muitos méritos do partido. Mas a re-eleição após o Mensalão foi como golear o rival por 6x0 na final do campeonato, era a prova definitiva de que o Partido se estabelecera como força hegemônica. Tinha um certo sentido no pensamento, mas um perigo também. Poderia ensinar o Partido o caminho da humildade, mas por outro lado poderia levar ao da empáfia. Dado como Lula é, não fica nada complicado saber qual caminho foi o escolhido.

Nessa mesma época o processo do Mensalão seguia sendo investigado pelo Ministério Público Federal. Acontece que o PT entendia que, uma vez reconduzido ao poder e com mais da metade do STF indicado pelo próprio Lula, jamais sairia uma condenação. Era a empáfia, soberba e desdém tão comum aos petistas. Quando a denúncia foi feita e aceita pelo STF em 2007, o próprio Lula disse que não daria em nada. Aliás, o PT repassou esta informação aos envolvidos, dizendo que jamais haveria condenação e que por isso jamais seriam presos. Foi a senha para que Marcos Valério e cia não dessem as informações que sabiam. E tampouco propusessem acordos de Delação Premiada. Assim todos sairiam ganhando. Era o pensamento. 

Acontece que Joaquim Barbosa resolveu cumprir seu papel constitucional e fez um trabalho primoroso - somente criticado por pessoas asquerosas ou desinformadas - e da sua relatoria nasceu o medo. Do modo como fora feito, o PT e aliado perceberam que poderiam dar-se mal na corte. Ao menos com um julgamento demorado, mesmo que nesta época não acreditassem jamais que pudessem ser presos um dia. O tempo mostraria que eles estavam errados.

Foi ai que entrou em cena o Ministro Ricardo Lewandowski, que demorou o quanto pode para terminar a revisão do processo. A tática, isso em meados de 2011 era levar o processo para a prescrição que aconteceria em 2013. Só que a Corte é séria e exigiu o fim da revisão. Acontece que Lewandowski resolveu não fazer uma revisão, mas sim um outro relatório. Isso não é ilegal, mas pouco usual. E em 2012 o problema deu-se no PT: teria julgamento e provavelmente condenações. Como de fato aconteceu. Penas grandes e contundentes. Pouco poderia ser feito... mas o PT encontrou uma maneira.

Com as aposentadorias de Ayres Brito e Cesar Peluzo, o PT encontrou uma brecha: nomear para seus lugares pessoas escolhidas a dedo e dar cabo a uma manobra que pudesse livrar José Dirceu, José Genoíno, Delúbio Soares e João Paulo Cunha. Como? Com os embargos infringentes, que é um recurso que poderia ser aplicado às penas que tivessem tido apenas 2 votos de diferença. Foi o caso das penas dos citados acima, que tiveram no caso de Formação de Quadrilha condenação por 6x4 ou 6x5 ( Ayres Brito se aposentou antes do fim do julgamento e não houve imediata substituição ). Assim foram escalados Teori Zavascki e Luis Roberto Barroso. 

Eles entraram e votaram, que surpresa, a favor dos embargos. E votaram - outra grande surpresa - pela absolvição dos petistas do crime de formação de quadrilha. Dessa forma foi que todos os políticos do PT (  e apenas eles ) ficaram livres de regime fechado pouco mais de um ano depois de presos. Só que os outros condenados dos núcleos publicitário ( Marcos Valério ) e financeiro não tiveram tal sorte. E ficaram presos e por lá permanecerão muito tempo. Caíram no conto do petista bonzinho e devem estar bem arrependidos. Eu estaria.

Mas o que isso tem a ver com Dilma, que só assumiu em Janeiro de 2011 Flávio? Simples: todos os envolvidos não serão, digamos assim, idiotas de caírem feitos patinhos na conversa do PT. Todos eles estão falando e, comprovadas as denúncias até aqui feita, o risco é sério. A artilharia está aberta e todo dia aparecem mais e mais notícias sobre o escândalo. Uma informação antes de finalizar: um dos envolvidos fez um acordo de Delação Premiada e se comprometeu a devolver mais de 270 milhões de reais. Apenar um ex-Diretor. Quanto poderá ser recuperado de todos? Quantos estavam envolvidos? Será possível que Lula e Dilma não sabiam de nada? Mas como?

Na sua empáfia de salvar José Dirceu - que era o preferido de Lula para sucessão em 2010 - o PT cometeu o erro estratégico que poderá, agora, lhe levar ao buraco. E imaginar que tudo poderia ser diferente se tivessem escolhido o caminho da humildade...

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