domingo, junho 14

Escola Carlos Pena Filho: 28 anos de descaso cobram seu ( alto ) preço

O Prédio está caindo e os políticos fazem força extrema para caia 100% a muito tempo...
Se tem uma coisa sobre a qual eu não abro qualquer tipo de concessão é a Educação. Quer dizer, a FALTA de qualidade da educação pública atual. Odeio, profundamente, quando um teórico metido a besta tenta cantar a "inegável" melhora do nosso ensino. Só cego para acreditar nisso e ousar defender tal tese. Temos, isso sim, recuperado, parte do imenso terreno perdido desde os anos 80, sobretudo com a Constituição de 1988, que para a Educação produziu efeito nefastos dos mais variados. Tudo em nome da tal universalização da educação no Brasil. Antes, para os mais novos entenderem, existiam ilhas de excelência ( vide o Carlos Pena Filho ) e o resto era... bom, o resto era o resto. Era, sim, um sistema excludente, não escondo isso. Acontece que ao invés de levarem esta excelencia que existia para poucos para todos, fizeram foi exatamente o contrário: espalharam a mediocridade para todos. Um sucesso se querem saber.

Eu sei do que falo. Já escrevi a respeito e penso até usar o tema Carlos Pena como tema do meu segundo livro, mas a Escola Normal, um dia, foi uma das melhores de Pernambuco. Pouco, ou quase nada, sobraram daqueles tempos, pois até o prédio foi dividido ( chego já nesse assunto ). Quando cheguei em Salgueiro em Janeiro de 82, a escola era simplesmente garantia de sucesso nas Federais. Diversos alunos no terceiro cientifico passaram nos concorridos vestibulares de Recife e uma aluna passou em segundo na URCA, para o curso de Direito. Era qualidade pura, tempos de Dona Eremita no Cargo de Diretora. onde a política nada decidia. Bons tempos... infelizmente muito distantes.

Isso foi em 1982. Em 1987, já no péssimo Governo Arraes, a situação já era bem diferente. Faltavam cadeiras e o prédio - antigo - começa a clamar por uma reforma que jamais viria. Além disso, o Cargo de Diretora passou a ter o dedo das indicações de políticos. Era nítida a queda da qualidade, que seria sacramentada de vez no Governo Joaquim Francisco, tao ruim quanto o de Arraes, acreditem. Em 1991 assume a irma do ex-prefeito Romão Sampaio e o que já estava péssimo, ficou pior ainda. Eu passei 3 anos no segundo grau sem ter professor de Matemática(!!) e uma infinidade de Professores Substitutos. Os velhos mestres foram se aposentando e outros indo para outras escolas e novos chegando apenas por serem parentes deste ou daquele político. Enfim, o fundo do poço, pensava eu...

Sai do Carlos Pena em 1991 sem reconhecer a Escola magnifica que encontrara quando eu chegara de Santo André, onde morava. Parecia, em tudo, outra escola. Apenas o prédio era o mesmo. Mas isso, os políticos iriam resolver em muito pouco tempo. Em 1994 a escola pegou fogo e diversos documentos históricos se perderam. Em 1995 o teto caiu, quase vitimando alunos e professores. Mas o pior, acreditem, ainda estava por vir: a divisão da Escola em duas. O motivo? Bom, existe o oficial e o verdadeiro. Comecemos pelo oficial...

Segundo as novas regras dos técnicos(!!) em educação, crianças e adultos não podiam mais dividir a mesma escola. A ideia é de tal sorte idiota e imbecil que, creio eu, mais de 40% dos profissionais liberais, funcionários públicos e empresários de Salgueiro foram educados assim, com a integração de crianças e adultos. Porque agora ( isso em 1995 ) não mais serviria? Por outro lado: se dividir uma escola grande em duas médias é a solução ( e restou provado que não serviu de porcaria nenhum isso ), porque não fazer 4 pequenas? Ou 8 minusculas? Contudo, essa é a explicação oficial... mas eu sei a verdadeira. E é de assombrar...

O Governo Municipal pretendia obter o apoio de um ex-vereador, Ivo Júnior. E este concordou desde que virasse Diretor de uma Escola Estadual. Acontece que todas as escolas já tinham seus Diretores e nenhum deles quis, é claro, ceder seu espaço e salário. Qual foi a solução? Divide-se o Carlos Pena, cria-se a Escola Maria Bernadete e Ivo Júnior vira Diretor. Duvidam da minha tese? Procurem saber quem foi o primeiro Diretor da Escola... Detalhe, muito importante: não condeno a negociação do apoio, a qual eu também faria caso fosse o Prefeito ou Secretário e que acho parte do jogo democrático. Condeno, isso sim, é que para conseguir tal apoio rasgue-se a história de uma cidade, como foi feito.

Assim o Carlos Pena virou dois. E sabem o que é mais cruel comigo? A maior parte dos meus anos escolares passaram-se em salas onde hoje é a Escola Maria Bernadete... até isso, conseguiram me tirar. E vou além: entre 1982, ano de minha chegada, e o meio da década passada, nenhuma escola Estadual foi erguida em Salgueiro, até que o Eremsal ganhasse sua sede. Foram quase 30 anos sem que nenhuma sala adicional fosse criada na rede Estadual via nova Escola. Piada né?

Agora a Escola Carlos Pena Filho clama por socorro. Será que os políticos de Salgueiro ( todos eles, sem exceção ) vão deixar acontecer a mesma vergonha que acontecer com a Escola Manoel Leite? Que foi deixada cair, levando parte considerável da nossa história, a qual jamais poderá ser recontada? Será que essas pessoas não percebem que quando algo assim acontece não apenas um prédio que cai, mas também a nossa sociedade? Que isso significa privar as novas gerações dos prédios históricos da cidade? Eu, inclusive, defendo que o nome da Escola Manoel Leite tivesse recebido o acréscimo do termos "Novo", para deixar claro que aquela escola que ali está NADA tem a ver com a antiga. 

Será que vão permitir que a, triste, história repita-se deixando um templo que remete a um passado glorioso vá ao chão para que se possa construir algo moderno em seu lugar? É dever de todos os ex-alunos cobrarem dos políticos, de lado A e lado B, para que isso não aconteça. Basta uma vez, que já foi demais. Não precisamos que outro prédio histórico perca-se pela ganancia e incompetência dos nossos políticos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário