Brasileiro está vivendo mais. E isso tem a ver com a Previdência |
O debate acerca da necessária Reforma da Previdência
infelizmente enviesada e contaminada com viés ideológico. Mas de tudo que
justifica reformar o sistema previdenciário, um deles é inquestionável: o
Demográfico. E o é porque as pessoas estão com uma expectativa de sobrevida bem
maior do que era, por exemplo, em 1998 quando FHC fez a primeira reforma do
sistema previdenciário. Antes de prosseguir, um dado: não confunda
expectativa de vida ( que é considerada no nascimento ) com a expectativa de
sobrevida ( que é usada para fazer as contas na Previdência ). Quando querem
atacar a Reforma, os detratores citam que no Piauí a expectativa é inferior aos
70 anos. Isso é errado, porque no estado citado, quem nascer agora e chegar aos
60 anos, terá uma previsão de sobrevida acima dos 80. É fato. Não é questão de
gosto.
Meu pai tem 73 anos e está aposentado
desde 2001. Quando ele nasceu em Dezembro de 1945 sua expectativa de vida era
de inferior aos 50 anos. Hoje, sua expectativa é acima dos 80. Ou seja, ele já
supera a expectativa da sua geração em mais de 24 anos. E tende a superá-la (
com fé em Deus ) em mais de 30 anos. Logo, do ponto de vista previdenciário meu
pai já está sendo um custo não coberto. Eu nasci em 74 - fiz 45 na quinta - e
minha expectativa de vida estava na casa dos 59 anos. Mais 15 anos e eu já
supero o projetado ao nascer. Notem que em 27 anos entre o nascimento de meu
pai e o meu, a expectativa de vida do brasileiro aumentara em mais de 10
anos. Meu filho nasceu em 2004, com uma expectativa de vida superior aos
70 anos. E, em chegando aos 60 anos, sua projeção de sobrevida será muito
superior aos 85. Notem que em 4 gerações de uma mesma família, em pouco mais de
século, podemos constatar as mudanças demográficas brasileiras.
Acontece que o padrão atual de tempo de
contribuição ( era Serviço até 1998 ), segue o mesmo desde 1950, quando foi
instituído o número de 35. O detalhe é que quando isso foi tornado padrão, a
expectativa de vida do brasileiro era de 49 anos. Ou seja, praticamente não
existiam aposentados, uma vez que para se chegar aos 35 anos de tempo de
serviço, era necessário começar a trabalhar aos 14 anos. Outro dado é que a
época não existia diferença entre gêneros. Isso mesmo, homens e mulheres
contribuíam o mesmo tempo. Essa diferenciação veio na segunda metade dos anos
70, mas não é um prêmio como pensam muitos. E sim uma penalidade: porque as
mulheres não tinham capacidade de trabalhar o mesmo tempo que os homens. Pois
é, isso hoje seria considerado ofensivo, não é mesmo? E ainda criticam a
diferença cair dos atuais 5 para 3 anos. Vai entender as Feministas...
O envelhecimento da população é bom,
claro. Acontece que do outro lado temos outro problema: a taxa de natalidade
diminui muito em um século. Minha avó teve 12 filhos ( 10 chegaram a vida
adulta ), mas minha mãe só teve 2, mesmo que eu e minha irmã. Logo, existe
menos reposição de mão de obra. Isso significa que existem menos pessoas para
contribuir e mais pessoas para receber. E por mais tempo. Assim sendo, a
proporção de ativos/aposentados é cada vez mais apertada. E quanto mais
apertada for esta relação, maior o rombo nas contas da Previdência. Logo
Reformar a Previdência instituindo idades mínimas e maior tempo de contribuição
não tem nada a ver com maldade de Governante e sim com uma correção
fundamental. Sempre gosto de citar que a maioria dos países com Economia
similares ( ou melhores ) que o Brasil tem idade mínimas, quase todos acima de
65. Muitos não fazem diferenciação de gênero e muitos estudam aumentar ainda
mais esta idade, porque ela já não mais atende as necessidades do sistema.
Porque, então, a resistência das pessoas
às mudanças? São varias, as razões: política, falta de conhecimento dos custos do Governo e medo da mudança. Existem vários motivos para mudarmos a previdência, mas a central é a questão Demográfica. E no próximos anos a situação vai só piorar e muito. Então iremos aguardar que tudo piore ainda mais para só então mexermos no Sistema?