domingo, agosto 28

Meta do COB era ousada, mas o que mudou de verdade no Esporte Brasileiro? Parte 1

Cerimônia de Encerramento foi tão bela quanto a Abertura, talvez melhor...
Quando viramos Sede das Olimpíadas em 2009, o COB ( Comitê Olímpico Brasileiro ) montou um plano ousado: ficar - pela primeira vez na história - entre os 10 maiores ganhadores de medalhas. Com o apoio do Governo Federal, Estadual e fartas verbas da iniciativa privada, a ideia era fomentar modalidades onde o Brasil jamais subira no pódio ou que estava a muito tempo sem fazê-lo. Em suma, foi algo pensando em aparecer bem diante da torcida e do mundo. A questão é: deu certo?

Eu acredito que não. Primeiro porque poucas são as medalhas que podem ser atribuídas a esse "investimento". Vou listar todos as 19 medalhas e tecer alguns comentários sobre as mesmas:
  • Judô, 1 Ouro ( Rafaela Silva ) e 2 Bronzes ( Rafael Silva e Mayra Aguiar )  - Rafaela Silva foi "descoberta" por uma ONG que tem entre seus mantenedores o judoca Flávio Canto. Contudo, depois que passou a ser atleta de alto rendimento, passou para as mãos da CBJU, que tem financiamento a décadas e resultados também. Não acho que entre na conta das medalhas do financiamento iniciado em 2009. Os bronze de Baby e Mayra entram mais na conta do programa das Forças Armadas. Contudo o investimento tem permitido que os atletas dediquem-se só ao esporte e possam competir o ano inteiro nas grandes competições;
  • Boxe, 1 Ouro ( Robson Conceição categoria até 60kg )  - Terceira olimpíada dele. Precisa mais?
  • Futebol Masculino, Ouro - Acho que nem preciso comentar...;
  • Vólei Masculino, Ouro - Idem ao futebol...
  • Vela, 1 Ouro ( Martina Grael e Kahena Kunze 49fx ) - Conhece o sobrenome da primeira? Pois é, isso basta;
  • Atletismo, 1 Ouro ( Thiago Braz no Salto com vara ) - Aqui temos a única medalha de Ouro que pode ser atribuída a um trabalho do COB, pois ele conseguiu recursos para ser treinado por uma lenda do esporte. E o resultado apareceu. Convém lembrar que foi só ele a medalhar no atletismo;
  • Vólei de Praia, 1 Ouro ( Alison e Bruno ) e 1 Prata ( Barbara e Aghata ). Aqui não tem-se que falar em resultado do Plano, pois desde 1996 quando o Esporte virou parte dos Jogos, que o Brasil sempre consegue medalhas;
  • Tiro Esportivo, 1 Prata ( Felipe Wu Pistola de Ar 10 metros ) - Podemos dizer que o Brasil e suas políticas mais atrapalham do que ajuda. O estatuto do Desarmamento impede que jovens possam possuir armas e comprar quando se é adulto é muito complicado. Em todo caso, ele recebeu apoio e isso quebrou um jejum de quase 100 anos ( em 1920 o Brasil conquistou 3 medalhas, uma delas de Ouro com Guilherme Paraense. Militar como Wu é... );
  • Canoagem, 2 Pratas ( C1 1000 - Izaquias Queiroz e C2 1000 - Izaquias Queiroz e Erlon de Souza ) e 1 Bronze ( C1 200 - Izaquias Queiroz ) - Ok, investimento deu certo aqui. Não dá para negar. A Confederação de Canoagem soube usar as verbas e o resultado está ai. Outros atletas já conseguiram bons resultados e parece estar em curso uma equipe muito forte;
  • Ginástica Artística, 2 Pratas ( Arthur Zanetti nas argolas e Diego Hipólito no solo ) e 1 Bronze ( Arthur Mariano no solo ). A evolução do esporte vem acontecendo desde o fim dos anos 80, quando Luiza Parente foi a primeira sulamericana a participar de um final olímpica em Seoul 88. Depois vieram Daniela Hipólito, Daiane dos Santos... a evolução é visível e gradual. Conquistas 3 medalhas é feito que só Vela, Vólei e Judô já tinham conseguido antes para o Brasil.
  • Taekwondo, 1 Bronze ( Maicon Siqueira categoria acima dos 80kg ). Nem praticava o esporte a 3 anos. E não entra, com certeza, no plano de investimento. Ele nem era cotado para medalha e nem Bolsa Atleta recebia.
  • Natação, 1 Bronze ( Poliana Okamoto na Maratona Aquática ). Nem de longe pode ser considerada uma medalha da conta dos bilhões investidos. Ela conseguiu salva do total fiasco a Natação, que previa 4 medalhas.
Acho que resta claro, uma semana após o fim dos Jogos, que esse número  foi insuficiente, uma vez que estávamos dentro de casa o que por si só - historicamente - faz com o país sede aumente seu desempenho. Não foi o nosso caso. Esse aumento de 2 medalhas sobre Londres 2012 viria de qualquer maneira. Em suma, não aproveitamos o fator casa para brilhar.

Durante a semana faço uma análise mais crítica disso e como teremos que lidar com isso para 2020 e os outros jogos futuros.

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