terça-feira, março 24

24 anos atrás Ayrton Senna vencia no Brasil só com a sexta marcha!!!

Uma das maiores exibições de um piloto na história...
Autódromo de Interlagos, São Paulo. Domingo com templo instável, como é comum no mês de Março na capital dos paulistas. Grande Premio Brasil de Fórmula 1, com o herói nacional Ayrton Senna largando na Pole. Tudo parecia conspirar para uma vitória, mas que teimava em não vir desde que ele passou a guiar um carro competitivo, a partir de 1988: um problema no cambio, um acidente na largada, um erro grosseiro... sempre acontecia algo. 

Senna larga na frente, mas as Williams de Mansell e Patrese seguem-no de perto. O leão, apelido do piloto inglês dado a sua falta de controle, sai da pista no S do "Senna" e fica de fora. Agora, pensamos todos, vamos vencer. Nada contra Ricardo Patrese, mas o que o apagado piloto italiano ( que durante anos foi o piloto com mais GP´s disputados ) fazer contra Senna, mais de 30s na frente? Ah, o destino e sua peças...

Faltando 20 voltas Senna perdeu a 4ª marcha. Antes de prosseguir um dado super importante: a McLaren não tinha as borboletas atrás do volante para a troca de marchas e sim a velha alavanca do lado direito e portanto Senna tinha que fazer as todas as trocas na mão. Sem a quarta marcha, ele tinha fazer mais força para tirar o cambio da terceira para a quinta, pois se colocasse na posição da quarta, o carro poderia apagar. Eis que poucas voltas depois ele perde a quinta. Mais adiante perdeu a terceira e para encurtar a história, ele ficou só com a sexta. Quem dirige consegue ter uma ideia do que isso é extremamente complicado: seria como guiar no Centro de Salgueiro só com a quinta marcha do seu carro.

Patrese, que parecia fora da corrida, começa a tirar de 5 a 6 segundos por volta. Senna tinha problemas, mas ninguém sabia o que era. Senna, que optara por não trocar pneus, estava com problemas também de aderência e isso na pista lisa de Interlagos era um complicado adicional. Sabe-se lá de onde, Senna consegue apertar o ritmo e como se dissesse " vem não, que eu posso andar mais", impede o italiano de aproximar-se ainda mais. E foi ai que veio a chuva. A chuva que sempre esteve ao lado de Senna...

Ele, como nenhum outro piloto antes ou depois dele, conseguia andar mais rápido com pista molhada. Mesmo que a sexta marcha fosse forte demais para as curvas de baixa, isso nem de perto o atrapalhou. Coisa de genios. E Senna era, com certeza, um deles. E Senna venceu com o público em êxtase, com o Brasil inteiro delirando com aquilo que acabara de acontecer.

Quando a corrida acabou, a ficha caiu. O carro morreu na reta oposta. Senna quase morre também. Ficou desmaiado com esforço, quase sobre-humano, que fizera. Foi socorrido pelos médicos e quase nem conseguia levantar uma bandeira nacional. O trofeu então... mas ele vencera. Na base do sacrifício quase insuportável. Mas os imortais conseguem superar tudo. E naquele dia, ele conseguiu.

Abaixo o vídeo da última volta e do pódio daquela que é, com certeza, uma das 5 maiores exibições de um piloto na história da F1:


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