Paava Carvalho ao lado da estátua de Paavo Nurmi. Mas quem foi Nurmi? |
A Secretária Municipal de Cultura e Esportes, Paava Carvalho, está curtindo merecidas férias na Europa. Quem for seu amigo no Facebook, como é o meu caso, tem sido brindado com belíssimas fotos do Velho Mundo, uma mais bela que a outra. Ela e seu irmão estão rodando o velho continente. O que um dia eu espero também fazer.
Mas é desta foto que eu quero falar em especial. O título deste post poderia remeter às diferenças ( claras ) climáticas, econômicas, culturais... tantas coisas nos tornam diferentes da Finlândia... mas eu destaco uma: na foto, Paava esta ao lado da estátua de Paavo Nurmi. Além da clara e provável inspiração no nome da Secretária, fica evidente que Nurmi foi alguém pra lá de importante pros finlandeses. Seria apenas isso? Não, ele foi muito mais que isso. E é sobre isso que quero falar...
Esta estátua está localizada em frente ao Estádio Olímpico de Helsinki, capital da Finlândia, onde foram realizadas as competições de atletismo dos Jogos de 1952. Até ai tudo bem, afinal na frente do Maracanã existe uma estátua de Hideraldo Bellini, o primeiro capitão brasileiro a levantar a Jules Rimet, poderia dizer alguém ligado apenas ao futebol. Mas esta estátua é mais do que isso. Nurmi foi um dos maiores fundistas da história, vencedor de 9 medalhas de ouro ( mais do que o Brasil ganhou nas duas últimas olimpíadas ), detentor de diversos recordes mundiais e um imortal olímpico.
Mas o que essa foto demonstra de diferente entre o Brasil e a Finlândia? Bom, ai eu preciso postar outra foto:
Esta foto foi tirada dentro do estádio que aparece ao fundo da tirada por Paava. Foi em 1952. E sim, o homem negro e alto com o braço levantado é um brasileiro. Seu nome? Bom sei que poucos sabem. Ele é Adhemar Ferreira da Silva. Quem? Pois é, aqui está a grande diferença entre os finlandeses e nós brasileiros. Se Paava perguntasse por um brasileiro famoso a qualquer finlandês com mais de 75 anos a resposta não seria, acreditem, Pelé e sim Da Silva!!! Adhemar chocou o mundo ao quebrar o recorde mundial 4 vezes em 6 saltos!!! E é uma lenda até hoje... na Finlândia de Nurmi, é claro. Por aqui é apenas um esquecido para a maioria de seu povo, que só é - eventualmente lembrado de 4 em 4 anos. Adhemar ainda seria campeão em 1956, em Melbourne e até Robert Scheidt ( na Vela ) era o único brasileiro bi-campeão olímpico. Feito espetacular. Mas isso é pouco pra memória brasileira. Que se lembra de quem foi autor de um gol na final do Pernambucano de 1980 ou qu é capaz de citar uma escalação de um time de 50 anos atrás...
Pois é meus amigos, memória é algo fundamental. A foto de Paava me fez lembrar de como a nossa é maltratada. Sei que Paava conhece a história de Adhemar, seus pais com certeza, mas quantos mais conhecem? Em tempo, Adhemar morreu em 12 de Janeiro de 2001. E ao contrário de Nurmi, não teve enterro oficial e nem ganhou estátua pomposa. Apenas morreu e ficou na mente de poucos.
Eu não sou um dos brasileiros sem memória, por isso fiz este post. Pois achei interessante a foto e o fato de Paava ter parado para tirar uma tão simbólica. Que ela ao voltar, repasse os conhecimentos adquiridos ao seu trabalho e, com a competência que eu sei que ela possui, seja a fomentadora de uma cultura que relembre os ídolos do esporte brasileiro. Terá minha ajuda, caso deseje. Se fizer isso, já terá dado uma imensa contribuição para aproximar Brasil e Finlândia.
Adhemar Ferreira da Silva e a sua histórica medalha de ouro, conquistada na Finlândia de Paavo Nurmi |
Nenhum comentário:
Postar um comentário