Crime ou direito da mulher? Eu tenho uma opinião a respeito... |
O Presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha ( PMDB-RJ ) deu ontem uma entrevista que está causando polêmica porque toca num assunto que de um lado opõe a maioria e de outro uma minoria que pretende impor-se na marra: o aborto. E na parte mais contundente disse que isso só passará na Câmara por cima do cadáver dele. Mais enfático, impossível...
O tema é complexo e raramente conseguimos ler argumentos decentes, de ambos os lados ressalte-se. Quem é a favor diz que é uma escolha exclusiva da mulher, que é contra - mas é religioso - apela para a Bíblia. Eu sou católico não praticante e não levo as regras da igreja romana ao pé da letra, até porque diversos deles nada tem a ver com o que está na Bíblia ( o celibato mesmo não tem NADA de bíblico ). Portanto este texto não vai pelo lado religioso, embora respeite quem usa esta versão para rebater o aborto.
Antes de mais nada o tema tem que apoiar-se em um fundamento simples: qual vida vale mais? A da mãe que engravidou porque quis ( com raríssimas exceções sobre as quais falarei mais abaixo ) ou a criança que não pediu para ser gerada? Qual vida é mais importante quando temos uma "gravidez indesejada"? Quem tem o direito permanecer vivo?
O debate que parte defendendo, exclusivamente, o direito da mãe é asqueroso logo de saída. Isso porque pretende excluir do debate os homens, porque eles não tem o poder de gerar uma vida. Ta errado só para começar porque hoje em dia só engravida quem quiser. Tirando a obviedade que se não transar não engravida, existem vários meios contraceptivos:
- Preservativo Masculino e Feminino;
- DIU;
- Pílula do dia seguinte ( que, é verdade, tem que ser usada com extrema precaução );
- Injeção;
- Pílula anticoncepcional.
A maioria deles é distribuído gratuitamente em Postos de Saúde e é de fácil acesso a imensa maioria das mulheres. Salvo adolescentes largadas pelos pais, toda mulher com um pouco de apoio pode acessar isso. E é bom deixar claro que o Estado faz o seu papel, via Agentes de Saúde, Médicos da Família e Programas Educativos. Tanto é verdade que faz, que a nossa Taxa de Natalidade tem caído consistentemente, prova de que as políticas estão dando resultado. Sendo assim, o Governo tem que seguir com esta política e até mesmo aumentá-la.
Quem defende o Aborto sempre aponta o caso das mulheres que procuram Clínicas Clandestinas, uma vez que é proibido e vetado fazer isso na Rede do SUS. E de que isso custa caro ( alguns falam em 7 mil reais ), além de ser perigoso. Não, eu não vou negar que isso exista e muito menos que seja um problema. Mas é um problema que deriva de outro: educação. Será com uma educação melhor que iremos evitar este problema.
E por falar em Educação, essa é chave. Precisamos, antes de mais nada, darmos um ensino de qualidade para todos no Brasil. E quando digo qualidade não é isso que vemos nas escolas atualmente, falo coisa padrão Noruega, Suécia e etc. Quando aqui tivermos este nível de educação, ai sim será a hora de tratar de assuntos deste naipe. Em suma o que quero dizer é que onde foi liberado/legalizado as outras necessidades básicas já foram resolvidas. Além do que, o SUS está pronto para receber a demanda ( que vai crescer ) de abortos? Nossos Hospitais nem conseguem dar conta da demanda atual, imagina criar outra. Que além de exigir mais profissionais, leitos e medicamentos vai precisar de especialistas como Assistentes, Psicólogas e até Psiquiatras. Não me parece que o sistema, atualmente precário, possa comportar essa demanda.
Mas quem defende o Aborto fecha os olhos para tudo isso, a falta de educação, da precariedade do sistema de saúde, da questão da vida do bebê... eu até posso entender o ponto de defender a mãe, mas a lei brasileira diz que em casa de risco para a genitora o aborto é permitido. E no caso de estupro também. O STF autorizou no caso de anencéfalos. E, neste sentido, é uma das mais abertas do mundo. Mas, é claro, tem-se que impor uma pauta de poucos a todos. Nem que seja na base da força.
Acho que o Presidente Eduardo Cunha está certo. Ele tem meu apoio nisso. E não falo como católico, mas sim como pai e filho. Até porque quem defende o aborto tem que pensar que ele próprio poderia não existir caso a lei tivesse sido aprovada no passado.
Este é o meu ponto.
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