domingo, junho 28

57 anos do dia em que o Brasil chegou ao topo do mundo do Futebol

Feola, Djalma Santos, Zito, Bellini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar; Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo
O Brasil vivia um período diferente em sua história, com um processo de industrialização em detrimento da agricultura que seguiria perdendo espaço até os dias atuais. A Bossa Nova começava a dar seus primeiros passos e até uma nova Capital estava sendo construída, do nada e no meio do nada, pelo Presidente JK. Mas em termos de futebol... bom, ainda ecoava o silencia ensurdecedor do Maracanã na final de 1950. A tal ponto que chegou-se a especular que o Brasil perdia sempre por causa dos jogadores de "cor". Sim, por causa dos negros.

O time brasileiro saíra totalmente desacreditado. As críticas eras as maiores possíveis começando pelo técnico, Vicente Feola que era considerado incapaz de levar aquele time, acreditem, ruim ao topo. Além disso causava estranheza o fato de, pela primeira vez, termos uma comissão técnica, com direito até a um psicólogo, pois isso jamais fora feito sequer em grupos, onde imperavam a figura do "ditador" do Técnico, vide Flávio da Costa em 1950. Além disso a imprensa criticava algumas convocações ( especialmente as de Pelé, Zito e Pepe, todos do Santos então força emergente no futebol brasileiro ) e todos queriam Zizinho na Copa. 

Eu nao irei recontar o que todos sabem: o time se achou nos amistosos, mas sofreu um empate com a Inglaterra onde Mazzola ( atual Altafini ) perdeu gols incríveis por causa da pressão que vinha sofrendo após receber 5 propostas de transferências para a Europa ( algo raro na época, tanto que os 22 jogadores atuavam em Clubes do Brasil ). Foi quando Nilton Santos e Didi, ambos do Botafogo, peitaram a comissão técnica a escalar Pelé, Garrincha e Zito. Ou lembrar que Vavá quebrou a perna do zagueiro Piantonni, o que facilitou o Brasil vencer o ótimo francês. Nem dizer que foi contra País de Gales que um menino se fez Rei, mesmo que só tenham sido os franceses quem lhe desses tal apelido. Prefiro contar outras duas histórias, também um pouco conhecidas, mas que eu adoro mais do que estas...

A primeira é sobre o pós-jogo Brasil x URSS. Os russos pela primeira iam jogar uma Copa e por trás disso existia toda uma mística, pois pouco ( ou nada ) se sabia do time soviético. Brasil e URSS ficaram na mesma cidade, Hindas, e a concentração brasileira ficava num plano mais alto do que a do rival. E de lá, era possível ver que eles treinavam muito mais que os brasileiros. Criou-se um clima de medo por uma eliminação, que de fato ocorreria caso o time canarinho perdesse a partida. Todos sabem o que aconteceu na partida ( Garrincha derrubando marcador após marcador, naqueles que são considerados os 2 minutos mais espetaculares da história das Copas ) e ao se despedirem da cidade, as delegações acertaram um encontro entre os times. Perfilados, os times iam se cumprimentar, jogador a jogador na sua frente. Eis que, por ironia do destino, na frente de Garrincha ficou o lateral esquerdo Kusnetzov que fora humilhado no dia anterior. Ao se aproximar de Garrincha, o russo se agarra a cintura de Mané e grita feito louco em russo. Panico geral, até que alguém traduz as palavras, que não poderiam ser mais hilárias: "eu disse que segurava ele, eu disse que segurava ele"... e todos caíram na gargalhada...

O segundo fato aconteceu na véspera da final. Brasil e Suécia, todos sabem hoje, tem uniformes idêntico: camisas amarelas, calções azuis e meias brancas. Obviamente alguém teria que mudar, é óbvio, mas naquela época isso não era automático. Como ninguém aceitou ceder, fez-se um sorteio. E o Brasil perdeu. Num time cheio de jogadores supersticiosos isso poderia aparentar um mau agouro, algo como: "lutamos tanto e agora vamos ter que trocar a camisa que nos deu sorte até agora?". Ai Paulo Machado de Carvalho, Chefe da Delegação, virou o "Marechal da Vitória": nós iremos atuar de azul, que é a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil. Afinal o time era, mais do que supersticioso, extremamente católico. Foi a senha para uma das maiores atuações de um time em final de Copas...

O resto, é história. Garrincha criou o vídeo tape antes dos japoneses, ao repetir a mesma jogada nos dois primeiros gols, não sem antes Didi fazer o que os grandes generais fazem às suas tropas, ao caminhar despreocupadamente até o meio-campo após os suecos abrirem o placar. Ou os 2 gols de Pelé ( um dos pouco a possuir tal marca, ao lado de Vavá ) ou que os suecos tentaram de todas as formas secar o campo após a chuva torrencial, mesmo sabendo que isso favoreceria mais o rival do que ao time da casa. Por fim, lembrar que por mero acaso Bellini criou o gesto hoje obrigatório de levantar a taça sobre a cabeça, quando jornalistas brasileiros queriam ver a Jules Rimet e ele, para atender, ergueu-a.

O resto, como eu disse, todos sabem... em 28 de Junho de 1958 o Brasil virava grande. Algo tao distante quanto a volta do bom futebol da Seleção atual...

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