Para muitos, eu incluso, o melhor time a nunca ter vencido a Copa... |
Nós brasileiros, costumamos pensar que o mundo gira no entorno de nossa nação. Se o assunto for futebol então... diversas seleções ficaram marcadas por jogarem um futebol marcante, muitas vezes até mais do que a que venceu a Copa ao final. Esta série busca demonstrar os esquadrões que encantaram o mundo, mas que ficaram sem a glória de levantar a Copa, mas que obtiveram outra: serem imortais.
O ano era 1953. Os ingleses se achavam em termo do esporte que tinham inventado. Tanto é verdade que não jogaram as 3 primeiras Copas por entenderem que eram superiores. Pagaram o preço perdendo pros EUA em 50, perante um time formado às pressas e com diversos amadores. Mas jamais haviam perdido um jogo em casa dentro de Wembley. Até desafiarem os então campeões olímpicos: os húngaros. A seleção da Hungria era um máquina com diversos jogadores técnicos e que tinham excelente toque de bola, com movimentações táticas. Uma percursora da Holanda de 74? Talvez... seria até irônico, não é mesmo? Bom, voltemos aos ingleses e sua empáfia: mesmo que o Húngaros não perdessem um partida a quase 3 anos, os súditos da então recém coroada Elizabeth II achavam que venceriam. Quem poderia parar Stanley Mathews, o mago do drible? Os Húngaros, é claro. Um show de Puskas, o Major Galopante, que marcou duas e de Hidegkuti com 3, os ingleses foram humilhados por 6x3. Abaixo, como atuava este mítico time, em imagem do site Imortais do Futebol:
Como atuava a mítica seleção magiar. |
Não era de se estranhar que o time húngaro entraria como favorito para a Copa da Suiça, a primeira em solo europeu depois da guerra. Na primeira fase de uma Copa com regulamento estranhíssimo ( cada grupo tinha dois cabeças de chave, que enfrentavam os outros dois times, os vencedores cruzavam e quem vencesse passava de fase, com o derrotado encarando o vencedor da partida entre os derrotados. Quem vencesse esta partida de repescagem também se classificava. Entendeu? Pois é, o Brasil também não, lá na frente você irá ver ), os húngaros pegaram a Coreia do Sul, vitória fácil por 9x0 ( segundo maior goleada da história das Copas ) e foram encarar a Alemanha Ocidental ( sim, caso não saiba tivemos duas Alemanhas no pós-guerra, uma capitalista e outra socialista, chamada de Oriental ). Ciente da sua inferioridade, o técnico Sepp Herberger escalou um time de reservas e deu a uma zagueiro uma missão: tirar Puskas da Copa. E assim foi feito, mas mesmo assim a Hungria venceu por 8x3. Só que as equipes ainda se encontrariam na Copa.
O Brasil
Naquela Copa o Brasil ainda tentava sarar as feridas do Maracanazo. Praticamente nenhum jogador que estivera em campo naquele 16 Julho. Zizinho ainda era o melhor jogador do Brasil, mas nem sequer foi cogitado. Com um time enfraquecido, o Brasil venceu o México na estreia, mas sem conhecer o regulamento entrou em campo contra a Iugoslávia acreditando que precisaria vencer para se classificar ( entenderam agora? ). Só que o empate bastava e os iugoslavos tentaram de todas as formas demonstrar isso, para fazerem um jogo sem desgastes desnecessários. Mas toda vez que os rivais tentavam explicar isso ( se hoje poucos aqui falam inglês fluente, imagina como deve ter sido 60 anos atrás!!! ), os brasileiros imaginavam que o time adversário estava era tirando onda. Por isso, ao fim da partida, muitos choraram em campo, mesmo classificados!! Só que ninguém sabia. O Brasil gastou energia a toa e estava arrasado mentalmente. E iriamos enfrentar apenas a Hungria...
Em um dos mais violentes jogos da história das Copas, o Brasil foi derrotado pela Hungria por 4x2. Os magos magiares iriam encarar nas semi-finais o então campeão mundial e que nunca perdera uma partida em Copas: o Uruguai. Após abrir 2x0 - o que fazia normalmente até os 15 primeiros minutos, a Hungria viu - atônita - os uruguaios demonstrarem sua conhecida garra e empatarem a partida perto do final. Veio então a prorrogação e o melhor preparo físico dos húngaros prevaleceu, além da técnica apurada é claro: outro 4x2 e a esperada vaga na final é alcançada. A rival? A mesma Alemanha de Herberger. Dado importante: Puskas perdera os dois jogos contra o Brasil e o Uruguai e entrou no sacrifício para jogar a final.
Ninguém que esteve presenta aquela final apostava na Alemanha, talvez nem mesmo os jogadores germânicos. E o começo da partida foi como todos os outros: em menos de 10 min 2x0 para Puskas e cia, tudo dentro da normalidade. Ai veio o que os alemães chamam de "O milagre de Berna": em menos 7 minutos e antes dos 18 de partida. Até hoje pairam suspeitas de dopping por parte dos germânicos. Nunca se provou nada. O que se sabe é que o resto da partida seguiu empatado, até os 39 minutos, quando o atacante Helmut Ranh fez o gol do título. Nos instantes finais Puskas, mesmo se arrastando em campo, ainda empataria, mas o árbitro da partida anularia o lance.
Terminava a Copa do Mundo e o Húngaros eram vice. Pior para a Copa do Mundo, dizem muitos. O fato é que Puskas e cia mereciam a Copa. Mas o destino não quis, mas nem por isso deixaram de ficar na história.
Puskas e Walter. Ao fim do jogo o alemão foi quem levantou a Jules Rimet. |
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