Você conhece este Senhor? Não? Pois saiba que ele inventou o gesto mais importante do futebol... |
Este texto foi postado às 11:51 de hoje e eu pressenti, é verdade, que o pior iria acontecer. Agora, às 19:30, recebo a confirmação da morte de Bellini. Fica aqui a minha humilde homenagem a quem foi o pioneiro, em mais de um sentido, no futebol brasileiro e mundial. Que agora está ao lado do lorde, da girafa, do anjo das pernas tortas e dos outros companheiros seus que já estão no céu.
29 de Junho 1958. Estádio Rassunda ( que recentemente foi demolido ). Estocolmo, Suécia. Dia chuvoso. Final de Copa do Mundo entre Brasil e os donos da casa, que em um gesto nobre ( e igualmente impensável nos dias atuais ) usam todos os meios para secar o gramado, usando esponjas e baldes, tudo para que o espetáculo fosse em alto nível. Os suecos tinham a sua melhor geração e acreditavam que venceriam. Tinham time para isso convém ressaltar.
29 de Junho 1958. Estádio Rassunda ( que recentemente foi demolido ). Estocolmo, Suécia. Dia chuvoso. Final de Copa do Mundo entre Brasil e os donos da casa, que em um gesto nobre ( e igualmente impensável nos dias atuais ) usam todos os meios para secar o gramado, usando esponjas e baldes, tudo para que o espetáculo fosse em alto nível. Os suecos tinham a sua melhor geração e acreditavam que venceriam. Tinham time para isso convém ressaltar.
Eu poderia escrever 3 dias sobre esta partida, acontecida 16 anos de eu nascer ( por acaso amanhã faço 40 anos ), tantas são as lindas, tocantes e até dramáticas histórias. Poderia discorrer sobre como sepultamos o complexo de vira-latas, que Nelson Rodrigues criara após a eliminação na Copa anterior frente ao Hungáros ( que eram bem melhores, diga-se ). Poderia falar do menino de Três Corações que viraria simplesmente o Rei do Futebol. Ou de Valdir Pereira, o Mestre Didi, que para mim é menos reconhecido do que merece. Aliás, o craque da Copa caso você pense que foi Pelé, está bem errado. Foi Didi, que ganhou apelido de Príncipe Etíope. E quando o Brasil levou o primeiro gol, carregou calmamente a bola até o campo, em cena imortal, pedindo calma e dizendo para seus companheiros jogarem o que sabiam. Parecia até um Obdúlio Varela tupiniquim. Teve o mesmo efeito, aliás.
Poderia falar de Mané, de Vavá ( o peito de aço ), de Djalma Santos ( o lorde ) que com apenas uma partida foi eleito o melhor lateral da Copa! Poderia falar de Zito, Zagallo ( que fez gol )... poderia falar da Enciclopédia Nilton Santos, o melhor lateral esquerdo de todos os tempos. Mas o post é sobre o senhor acima ( na foto colocando suas mãos para molde que está no Maracanã ). Mas porque as mãos dele são mais importante que os pés?
Seu nome, antes de mais nada, é Hideraldo Luiz Bellini, nascido em 07/06/1930, na cidade paulista de Itapira. Talvez Bellini foi, daqueles 11 que entraram em campo, o mais desprovido de técnica. Mas estava longe de ser um zagueiro ao estilo Felipão ( sim, Felipão era zagueiro e horrível, diga-se de passagem ). Ele era o capitão do time, de um time repleto de craques. Coube a ele levantar a primeira Copa vencida pelo Brasil. E foi ai que ele entrou para a história. Antes dele, receber a Taça era uma mera formalidade, não um gesto espetacular. E assim o era em todas as competições. Assim como os uruguaios que inventaram a volta olímpica ( ao percorrer todo o campo em festa após receberem a medalha de ouro em Paris em 1924 ), ele criou um gesto. E foi totalmente ao acaso. Vejam esta foto de Fritz Walter recebendo a Jules Rimet em 1954:
Reparem que ele a pega como um coisa "comum". Não era desdém como alguém poderia pensar. Era o costume. Até a Copa de 38 a mesma era entregue em uma cerimônia na noite do jogo. Em 1950, desnorteados com a derrota que consideravam impossível, os dirigentes brasileiros não entregaram o trofeu a Varella ( o presidente da Fifa Jules Rimet teve que descer das tribunas e realizar a entrega ). Em 1954 o padrão era receber e tirar fotos. A Alemanha mal deu uma volta olímpica, embora esta já fosse mais do que usual.
Voltemos a Estocolmo. Após a partida ( a propósito vencida pelo Brasil por 5x2 ) o Rei Gustavo vai entregar a Taça a Bellini, um verdadeiro batalhão de repórteres estavam em fila. Ai lá no final, alguém teria gritado: levanta mais a taça ai... e Bellini atendeu. Assim nasceu o gesto de levantar a Taça sobre a cabeça em sinal de triunfo. Assim Bellini entrou para a história do mundo do futebol, não apenas do Brasil. Abaixo como teria ficado o gesto e como ele se eternizou...
A cena usual na época... |
e como sempre será lembrado... observe a cara de Bellini, parece até sem jeito, não é mesmo? |
Ao chegar aqui, você deve estar se perguntado: mas o post é "UM CAMPEÃO LUTANDO PELA VIDA". Pois é, o amigo leitor tem razão de perguntar. Parafraseando ( e forçando bem a barra ) Abrahm Lincoln: "eu poderia escrever discursos curtos, mas quando começo fico preguiçoso em parar". Gosto de falar sobre esportes, quem me conhece sabe bem disso, e resolvi aproveitar que Bellini está internado em estado grave na UTI do Hospital 9 de Julho ( na capital paulista ) para demonstrar aos amigos leitores quem ele é. Muitos não sabem, mas eu sempre lutarei pela memória esportiva do Brasil. Sempre.
O grande Bellini luta pela vida. Talvez perca a batalha, mas o seu lugar na história já está garantido. Mesmo que não se lembrasse mais disso, pois sofre a 10 anos com o terrível e devastador mal de Alzheimer. Cabe a nós, brasileiros, nunca deixá-lo cair em esquecimento.
Longa vida a Bellini!!!
um sentimento brasileiro nesse texto...parabens...
ResponderExcluirobrigado.
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