Terá sido culpa da má companhia? |
No Brasil todo momento tem uma polêmica, elas agora não acontecem mais por mês, semana ou dia: elas são por hora. E no ritmo que a crise se expande, tendem a virar por minutos. Mas a maior polêmica em Salgueiro foi o voto dado pela Deputada Cleuza Pereira ( PSB ) na votação das 10 medidas anticorrupção, votado na semana passada. Ela votou seguindo orientação partidária ( algo que nem é exatamente ruim, diga-se ), mas repercutiu mal entre os salgueirenses, até mesmo entre os que votaram nela e seguem-na politicamente. Claro que muitos saíram em sua defesa, mas a própria demorou para se justificar quanto ao assunto.
Algo que fez na noite de segunda, por meio do seu perfil no Facebook defender seu posicionamento. Trago-o na integra e depois teço meus comentários:
Escolhi a tribuna do Plenário Ulysses Guimarães, a casa do povo brasileiro, para falar sobre o meu voto ao destaque 21 da Lei das medidas contra a corrupção. Dia 30 de novembro, aliás, dia 01 de dezembro, saí da Câmara às 4:30 da manhã. E já às 9 horas, estava no Plenário, participando da homenagem a mulheres que fizeram jus ao Prêmio Carlota Pereira de Queiroz. Telefone desligado, só ao final do evento, tomei o conhecimento da enxurrada de chamadas telefônicas ou de registros no WhatsApp.
Uns me argüiam como foi meu voto ao destaque 21 da Lei das medidas contra a corrupção, outros me achincalhavam e diziam toda sorte de ignomínia por causa do meu voto. Fiquei aturdida. Votei toda a matéria conforme a orientação do Partido e justamente neste item sobre o enriquecimento ilícito, porque eu votar contrariamente aos meus companheiros? Meus 80 anos de vida, 62 de serviço público, 3 mandatos como Prefeita sempre na defesa dos menos favorecidos, não combinava com tal procedimento. Procurei o mapa das votações para ver o que havia acontecido. Nesta hora, com toda coragem que sempre tive de assumir minhas posições, afirmo que vi meu voto, como de mais outros companheiros que como eu, interpretaram errado o comando. Para nós o sim, era uma condenação ao enriquecimento ilícito, mas na verdade referia-se à retirada do destaque. Não estou refazendo minha posição, mas apenas explicando o erro de interpretação que pratiquei.
O que está feito, feito está. Resta-me agora cheia de indignação, em meu nome pessoal e de muitos idosos que trabalham nesta Câmara madrugada adentro, apresentar ao Sr. Presidente o pedido de que estude um expediente mais racional para esta Casa, colocando sobre a mesa apenas a carga de matérias possível de ser votada dentro de um tempo já previsto, para que a votação se faça com qualidade, sem açodamento e sem possibilidade do cansaço, tirar-nos a clareza e a compreensão do que está acontecendo.
A sociedade, sempre disposta a nos julgar, também pergunta qual a necessidade dessas “sessões coruja” na Câmara? Não só os idosos sentem os efeitos do cansaço, os jovens de 40 anos também são susceptíveis aos enfartes e similares, gerados pelo stress. Por fim, quero agradecer aos que crêem em mim e sabem discernir o que houve, obrigada por terem me defendido sem pedir explicações. Sabem quem sou. Aos que tentaram jogar lama no azulejo puro da minha vida, respondo como fazia Ibrahim Sued “Os cães ladram e a caravana passa”.
Eu posso estar enganado, mas em momento algum a Deputada admite ter errado. Sequer faz mea culpa e joga o peso da decisão nos ombros da carga de trabalho ( embora eu precise concordar sobre a eventual necessidade de votações às 04:00h ), cobrando do Presidente Rodrigo Maia. Ademais ela reforça o que os mais atentos ( aliados ou não ) sabem desde muito tempo: Cleuza é um pessoa de partido. Isso - que nem é ruim, diga-se - é necessário levar em conta quanto a sua atuação parlamentar: ela vai votar, sempre, de acordo com o partido.
Noto, ainda, que no fim a Deputada não usou uma boa citação para o caso, porque "os cães" que segundo ela ladram são seus eleitores, muitos deles fieis a ele durante década. Eu mesmo fui seu aliado por quase 20 anos, mas não votei nela em 2014. Atacar os que lhe criticam com a citação de Sued não me pareceu de bom tom, sobretudo porque ela dá entendimento de que não está nem ai com o que pensam as pessoas.
Acho que a Deputada poderia ter agido mais rápido, ter feito um comprometimento para contornar a situação e efetivamente pedir desculpas. Mas preferiu dizer que tudo não passou de um "equívoco", explicação que não deve ter agradado a muitos. A este blogueiro mesmo não convenceu...
Infelizmente os cães que ladram foram os que ela defendeu lá, em Plenário e, seus eleitores foram apenas a caravana que passou vergonha pela sua representação; e pensar que diferente de vc Flávio,votei nela acreditando que ainda tinha discernimento; prefiro usar outro pensador para esse caso (Descartes) Dona Cleuza "Penso, logo existo".
ResponderExcluirótima citação. e o caso é amplo e complexo.
ResponderExcluircomplicado mesmo o que aconteceu... e como disse o pior é que ela sequer admitiu ter errado, colocou a culpa no horário, no presidente e no Partido.