Em pé: Feola ( técnico ), Djalma Santos, Zito, Belini, Nilton Santos, Orlando e Gilmar. Agachados: Garrincha, Didi, Pelé, Vavá e Zagallo. |
Seu pai talvez não seja tão velho quanto esta foto ( o meu é 12 anos mais velho ), mas estes jogadores são os responsáveis por quebrar a síndrome de vira-latas, como cunhara Nelson Rodrigues. Eles vingaram 50 e se colocaram no Olimpo do Futebol, sendo - ate hoje - o único campeão que mais marcou 10 gols somando a semi e a final.
Antes de contar como este time ganhou a Copa, que tal falar o contexto dos anos 50. O Brasil vinha da "mãe de todas as derrotas" na Copa que organizamos em 1950, trocamos de uniforme ( de branco e azul para o amarelo tão famoso ), jogamos na Suíça sem que se soubesse sequer o regulamento e protagonizamos papelão em uma excursão na Europa, com cenas lamentáveis.
Foi quando um certo João Havelange assumiu a CBD ( Confederação Brasileira de Desportos, que na época cuidava de TODOS os esportes ) e trouxe um pouco de organização, mas que comparado com o que não tinha pareceu uma mega revolução. Colocou um Chefe de Delegação de pulso firme ( Paulo Machado de Carvalho ), trouxe profissionais médicos para o time ( Dentistas e Psicologo ) e deixou nas mãos deles a formação do time.
O elenco era, não tinha como fugir, um misto de cariocas com paulistas. Unia grandes jogadores já veteranos como Didi e Nilton Santos ( este o único remanescente da derrota pro Uruguai ), jogadores em meio de carreira como Djalma Santos, Belini e Castilho com jovens revelações tais como Pelé. Tudo isso aliado com jogadores táticos ( Zagallo ) e extremamente dedicados ( Belini e Orlando ). Tudo, podemos assim dizer, convergiu porque um garoto de 17 anos, um jogador de pernas tortas e um atacante com apelido de peito de aço jogaram como ninguém poderia esperar. E tinha um líder: Valdir Pereira, o Didi. Melhor jogador daquela Copa, convém lembrar. Fala-se muito dos 11 da final ( foto acima ), mas existiam tantos outros: Joel, Dida, Dino Sani, De Sordi ( que só ficou de fora justamente da final ) Mazzola, Pepe, Mauro, Castilho, Oreco, Moacir e Zózimo. Estes 11 reservas ( alguns foram titulares em parte da campanha ) talvez conseguissem fazer uma Copa digna, mas não a venceriam, com certeza. Mas merecem destaque, porque não fariam feio no lugar de seus titulares ( exceção aos laterais ).
Chegando na Suécia, o time tinha Dida como o ponta de lança, Joel como o ponta-direita e Dino Sani como o volante. Venceu a Áustria por 3x0. Na sequência, ficou no 0x0 contra a Inglaterra, já com Vavá no lugar de Dida. Para o jogo decisivo contra os Russos, três mudanças teriam sido impostas ao técnico Feola por Nilton Santos e Didi: Pelé no lugar Mazzola, Garrincha no de Joel e Zito no de Dino Sani. E o resto virou história, com os 3 minutos mais impressionantes da história da Copa, com 2 gols de Vavá. Depois o suadouro contra o Pais de Gales, só vencido na genialidade do menino Rei. Depois passamos pela França com um sonoro 5x2, que pese que o zagueiro Jonquier quebrara a perna numa dividida com Vavá. Como não tinham substituições, os franceses ficaram com 10.
Para a final, um problema: Brasil e Suécia usavam o mesmo padrão de camisas. O que fazer? Hoje em dia isso é definido bem antes ( com O resto o time que fica a esquerda do confronto mudando de camisa ), mas 60 anos atrás... foi feito um sorteio. E o Brasil perdeu, tendo que jogar de azul. Logo, o pânico poderia ser gerado pela troca de camisas. Como não pensar nos fantasmas de 1950? E eis que o Marechal da Vitória, termo cunhado depois da conquista, Paulo Machado de Carvalho teve a grande ideia ( enquanto Mário Américo cortava números e escudos das camisas amarelas para passar a noite costurando as camisas azuis recém compradas ) de dizer a todos: "iremos jogar de azul, que é a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil!!!"
O resto da história, todo mundo que conhece algo de Copas, sabe: choveu, os suecos enxugaram o campo, Djalma Santos entrou no lugar De Sordi por motivos até hoje não totalmente claros, o Brasil saiu atrás e Didi carregou a bola com calma enquanto conversava com os colegas, Garrincha entortou os "joões" suecos em 2 lances idênticos para gols de Vavá, Pelé fez 2 gols e Zagallo mais um. E ao fim Hideraldo Luiz Belini levantou a Jules Rimet como nunca antes nenhum outro capitão fizera. E de "vira lata" o Brasil virou o país do futebol. E tudo isso deve-se aquele time, que naquele 29 de Junho tornou a Copa do Mundo uma possessão brasileira.
O capitão Belini puxa a fila de jogadores com a bandeira da Suécia... |
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