domingo, junho 3

Com a maturidade você percebe que tem mais em Copas do que o Brasil

Um dos grandes momentos das Copas...
Toda criança já foi vítima do vírus do Pachequismo. Aquele pensamento de que em toda Copa o Brasil é favorito e que se não venceu foi por falhas e culpas nossas, nunca pelo mérito dos rivais. Os pachecos ( termo cunhado por um personagem de um propaganda da Gillete para a Copa da Espanha em 1982 ), são pessoas que não enxergam nada em uma Copa do Mundo que não seja o Brasil. E existem, desde 1998, outras 31 times na Copa, cada um com suas qualidades e também defeitos.

Até 1986 eu era um Pacheco nato. Não via nada em outros times, ignorei que a França era a campeã europeia de então. Não acompanhei a mágica de Maradona como deveria. Ao menos me apaixonei com a Bélgica de Pffaf e cia. A partir da Copa da Itália, em 1990, eu vi a Copa com outros olhos, embora a Copa tenha sido a pior de todos os tempos, ainda teve coisas boas: Camarões de Millá e Obam-Byik, a Romênia de Hagi e o bom time da Iugoslávia, com um penca de grandes jogadores. Isso sem falar da Costa Rica, que encantou um bocado. Pena que os times que foram longe era quase todos sem sal.

Veio então a primeira Copa em que comemorei um título ( nasci em 1974 ), num Mundial fraco, mas melhor do que o anterior. O Brasil fez uma campanha fraca, sendo a pior dentro todas as 5 campeãs, onde a falta de talento era evidente. Alguns bons times apareceram, como a Bulgária do Stoitchkov e cia ( do inesquecível zagueiro Trifon Ivanov, que nos deixou em 2016 ), ou da Suécia do goleiro Ravalli ( e que foi o calo do Brasil ), além das grandes atuações da Romênia de Hagi ( metendo 3x2 na Argentina ) ou da boa Holanda de Bergkamp e cia. Foi uma Copa de grandes imagens, algumas delas que jamais esqueceremos. 

Em 1998, ano em que Ronaldo jogou uma cortina de fumaça em cima da final com sua convulsão e a estranha presença na partida contra a França, eu vivenciei um momento lindo:  ver a Croácia destronar com requintes de crueldade a Alemanha envelhecida e com mal futebol. O 3x0 não retratou o massacre que foi a partida, como a seleção dos Balcãs passava por cima dos germânico sem dó nem piedade. Foi mágico e eles quase chegavam a final, não fossem 2 gols surreais marcados pelo lateral Thuram na semifinal. Afora o time da camisa xadrez, teve a ótima Holanda mais uma vez parando no Brasil, depois de eliminar a Argentina com um dos gols mais famosos das Copas, o valente time do Paraguai e sua defesa quase intransponível que somente no tempo extra foi vazada. Mas até hoje eu sei exatamente quanto aqueles 3 gols Croatas me deixaram alegre naquele dia...

Enfim, o meu pachequismo tinha ido embora. Eu passei a curtir as Copas, ver os jogos, analisar e buscar grandes histórias. Que até diminuiriam desde então, porque a Coreia do Sul em 2002 chegou por ser dona da casa e inacreditáveis erros de arbitragem a favor, enquanto que a Turquia não se destacava com bom futebol. Em 2006 não apareceram times fora da ordem e a final foi bem chata, embora pudesse cita Portugal. Que chegou perto, ao eliminar Holanda e Inglaterra, ma eram vice da Euro. Em 2010 a Espanha era pule de 10 para ser campeã e o Uruguai não é exatamente uma surpresa como as citadas. Em 2014 tivemos Colômbia e Costa Rica com suas melhores campanhas, com os cafeteros conseguindo ter o artilheiro e um dos melhores jogadores da Copas. Mas nada que superasse aquela Croácia mítica...  

Para esta Copa, em especial existem alguns times candidatos a surpresa. E eu estarei a espreita deles. Assistir a Copa sem o foco exclusivo no Brasil tem destas vantagens. E é o que recomendo a todos. Fica bem melhor. E se o Brasil vencer, melhor. Se não, o estresse será menor.

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