O que as ruas disseram ontem e o que o Governo Dilma ouviu...

O Governo ficará inerte assim novamente?

E o povo foi às ruas. E como foi. Segundo estimativas policiais, algo em torno de 800 mil pessoas estiveram nos protestos. A realidade é que nunca sabe-se mesmo quantas pessoas foram, porque os cálculos diferem muito entre si. Mas uma coisa é certa: mais de 270 cidades e uma multidão deixaram bem claro que o Governo Dilma está numa situação terrível. Como eu disse aqui outro dia: o PT acabou ( como forma de dominar a política, que fique claro ). O PT nem com uma Transposição de reais conseguiria hoje colocar sequer a metade disso nas ruas.

Diferente dos protestos de Março e Abril, este agora teve um foco: o impeachment da presidente. Eu, particularmente, discordo que exista motivo para tanto, mas 200 juristas acreditam que sim, tanto é que lançaram manifesto neste sentido. Caso as Contas de Dilma seja reprovadas e/ou surjam indícios comprometedores do envolvimento de Dilma ( ou do PT ) com os desvios, tudo mudo de parâmetro. É prudente lembrar que por muito menos Collor teve aberto contra si o Processo em 1992. Acontece que ele era, para ser didático, um amador perante o que o PT sempre foi. Por isso ele caiu tão fácil e os Presidentes Petistas não. Adiante...

Os que foram às ruas querem um basta nisto que está posto ai. Primeiro porque não irão engolir mais uma vez a tese de que todos são iguais ( proferida por Lula em 2005 ), até porque está bem claro que quando fechado o esquema com Marcos Valério, o Partido mudou o esquema para a Petrobrás. Segundo porque resta óbvio que o PT não tem mais como conduzir o Brasil, pois venceu as eleições prometendo um Brasil e está entregando outro totalmente diferente, justamente o que dizia seria entregue por seus adversários caso fossem vencedores. Estelionato, é o que aconteceu. E o povo está deixando bem claro que não aceita isso. Mas o Governo vai ouvir? Duvido...

Primeiro foi o patético programa de TV que o PT levou ao ar, contrariando tudo o que está acontecendo e sem, ponto crucial, admitir qualquer culpa e ousando tirar onda com os panelaços. Depois foi levar a Presidente a se reunir com a "população", leia-se PT transvestido de movimentos populares ( CUT, MST, UNE, Margaridas e etc ). Para dar uma ideia de que está dialogando, Dilma foi receber o PT para conversar. Nada mais patético poderia ser feito. Até mesmo calou-se diante de uma violação a Democracia feita pelo presidente da CUT, que falou "pegar em armas para combater o golpe". Num país sério, ele teria sido preso por violar a Constituição, o Estatuto do Desarmamento e a por desrespeitar a própria Presidente da Republica. Como é do PT, foi ovacionado. Depois, diante das reações, disse que foi mal interpretado e acusou - que coisa - a mídia. Como se as palavras não tivessem o peso que possuem.

Agora o PT resolveu "reagir" ao que houve ontem, emitindo uma nota, como sempre, asquerosa e que ofende a inteligencia alheia. Abaixo, o principal da nota:

"Diante da gravidade do momento político e da ofensiva da direita contra as liberdades democráticas e os direitos humanos, políticos e sociais, o PT conclama o engajamento nacional da militância petista no calendário de mobilizações em defesa da democracia, das reformas estruturais e por mudanças na política econômica. 

O Partido dos Trabalhadores apoia e orienta a participação dos petistas na mobilização unitária dos movimentos sociais e partidos de esquerda no próximo dia 20 de agosto e as iniciativas de constituição, nos estados e nacionalmente, de uma frente democrática e popular".

Realmente o partido não entendeu nada. E seguirá evocando uma quebra da ordem democrática que não existe. E seguirá apostando no "nós" contra "eles". Justamente o que fez Lula em 2005, acusando as elites de quererem tirá-lo do poder. O mesmo argumento tosco usado hoje mais cedo pelo líder do Governo na Câmara do Deputados, José Guimarães. E detalhe: o Governo falar em construir uma unidade com a oposição para sair da crise. Com palavras assim realmente ficar claro o quanto o partido quer dialogar mesmo com todos. 

As ruas, pela terceira vez em menos de 5 meses, falaram. E o Governo, como sugere a charge que ilustra este post, não quer ouvir. E ainda se arvora de "Governo do Povo". Imagina se fosse das elites...