quinta-feira, julho 31

Eduardo Campos: a caminho da sua maior da derrota?

Não ganhar espaço nacional e ainda perdê-lo em seu estado. O que poderia ser pior?
Eduardo Campos está a beira de uma grande derrota. Duas, na verdade.

O plano era audacioso: lançar-se candidato a presidência tendo como vice a grande surpresa da eleição passada ( Marina Silva ), seduzindo o eleitorado que está insatisfeito com a dicotomia PT-PSDB, usando como plataforma sua gestão - muito bem avaliada - em Pernambuco. Onde lançaria outro poste, repetindo o sucesso com Geraldo Júlio para a Prefeitura do Recife, garantindo o status em seu "curral" eleitoral. Se desse, que tal eleger o primeiro Senador pelo PSB no estado com Fernando Bezerra Coelho? Ele parecia ser o líder natural do estado... parecia...

Comecemos pelo mais fácil de explicar: a escolha de Paulo Câmara. Ao contrário de Geraldo Júlio, que é simpático e tem fluência no discurso, Paulo Câmara não tem traquejo algum no papel de candidato indicado. Além disso, ocupava uma pasta que é por óbvio é mal vista: a da Fazenda. Mesmo sem saber o nome do Secretário, todo comerciante de Pernambuco odeia o ocupante da pasta. Todos, sem exceção. Se no caso for do Governo que mais pressionou os comerciantes, vira piada. Porque raios Eduardo o escolheu eu não sei, mas com certeza ele não pensou neste porém. Natural. Eduardo é funcionário de carreira da pasta. Para ele, pareceria natural que outro colega pudesse virar Governador.

Tem também o fato do candidato adversário, que é ótimo. Não voto em Armando Monteiro pelo apoio do PT ( dentre outros motivos ), mas reconheço que ele é um político experto e experiente. Com ótima base de apoio e trânsito em todos os setores. E com o discurso fácil da descontinuidade e se apresentando como amigo de Lula e taxando o rival de amigo de um traidor deste, fica fácil entender porque Armando tem 43% e Paulo apenas 11%. Por mais que Paulo venha a ter mais tempo de Guia, isso não tende alterar o panorama. Segundo expectativas do PSB-PE, agora Paulo já deveria aparecer na casa dos 30%, o que está bem claro que não deve acontecer. Outro dado importante: na eleição para Prefeito, Eduardo pegou Geraldo Júlio pelo braço e o apresentou em todos os cantos da capital. Agora como é candidato a Presidente, não pode fazer isso...

Por falar em campanha para Presidente... bom, aqui é mais complexo. Mas comecemos pelo mais óbvio: Eduardo Campos cometeu um erro estratégico em 2010. Por ser leal a Lula e apoiar a Dilma criou inimizades com os Gomes do Ceará, ao enterrar as pretensões do irmão mais famoso, Ciro. Se tivesse permitido a campanha dele em 2010 teria ido contra Lula é verdade, mas teria firmado posição contra Dilma, ficando como alguém - ao menos - independente. Mas ele fez o que fez. E no ano passado rompeu com o PT e os Gomes deram o troco: ficaram com o PT e desidrataram uma importante base de apoio do PSB num populoso estado nordestino. Os deputados que o partido perdeu farão falta em termos de tempo no Guia. Duplamente, porque deixam de ajudar a campanha de Eduardo e foram somar no de Dilma.

Mas isso é só uma parte da explicação. Tem outra parte: por ter permanecido até perto do limite do prazo para alterações partidárias, o eleitor ficou com a impressão de uma traição a Dilma e, sobretudo, a Lula. E goste-se ou não, Lula é quase um mito no Nordeste, onde Eduardo esperava conseguir os votos para ir ao segundo turno. E aqui começa o segundo problema: Campos não está conseguindo votos dos que estão insatisfeitos com Dilma Rousseff e com Aécio Neves. Quem não vota em Dilma não o vê com bons olhos, nem quem vota em Aécio. Ou outras palavras: não cativou quem quer mudança e nem quem quer continuidade. Ficou no limbo...

Segundo algumas fontes do grão-ducado no PSB, Campos já deveria ter deixado o patamar dos 10%. Em algumas pesquisas nem atinge essa marca. E vê seu rival pelo posto no segundo turno ter crescido bastante ( saiu de 14% para 20% ou mais na maioria das pesquisas ). A aposta de que com Marina na vice Eduardo subiria pontos quando ficasse mais conhecido, até agora não surtiu efeito. E nem parece que vá surtir. E apostar no Guia Eleitoral para isso me parece ser otimismo demais, até porque Eduardo terá pouco mais de 1 min para se vender como candidato e ainda explicar que sua vice é Marina Silva.

Diante do exposto acima, ele corre sérios riscos de ficar fora do segundo turno e ainda levar uma surra na disputa estadual. Seria uma grande derrota para quem se achava um líder político. Daquelas bem duras de digerir...

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