domingo, agosto 17

Eduardo Campos: Madeira de lei que cupim não rói...

eu nunca desisti... ele também não.
Eduardo Henrique Accioly Campos. Pessoa forte, decidido, articulador, perseverante, amigo, fraterno, firme... tanto são os adjetivos que podem ser atribuídos ao ex-Governador que eu poderia escrever por horas e nem chegar perto de esgotar as possibilidades...

Eduardo foi o Governador mais votado da história do estado. Sua trajetória política começou muito cedo, quando foi Chefe de Gabinete do Governador Arraes, em sua segunda passagem pelo Campo da Princesas. Em 1990 foi eleito Deputado Estadual e comandou a oposição ao Governo de Joaquim Francisco. Em 1994 foi eleito Deputado Federal, mas não cumpriu o mandato, pois virou Secretário do terceiro mandato do avô Miguel Arraes. Primeiramente na Casa Civil, depois como Secretário da Fazenda. Lá ficou marcado pelo "escândalo dos precatórios", quando descobriu-se que diversos Governos Estaduais usavam carta precatórias para fazerem caixa. Seria inocentado anos depois pelo STF.

Em 1998 foi novamente eleito Deputado Federal, mas viu seu avô sofrer a mais pesada derrota de sua história, ao perder para Jarbas Vanconcelos por mais de 1 milhão de votos. Derrota que ele devolveria em 2006 em cima do vice-governador de Jarbas, Mendonça Filho. Seria re-eleito para a Câmara Federal em 2002. Viraria Ministro da Ciência e Tecnologia do Governo Lula. Ficou lá até 2005. Em 2006 lançou-se candidato a Governador. As primeiras pesquisas apontavam menos de 10%. Mas a confiança dele nunca se abalou. Enquanto Mendoncinha e o petista Humberto Costa trocavam farpas, Eduardo foi crescendo. Faltando 15 dias superou Humberto e foi para o segundo turno contra Mendonça. Resultado final? Eduardo venceu por mais de 20% de vantagem e com mais de 1 milhão de votos. O avô, falecido um ano antes, estava vingado.

Governou de forma simples e objetiva. Não irei dizer que transformou o Estado, porque não apoio mistificações. Deu, assim como todos os seus antecessores, sua contribuição para um estado melhor. Talvez mais que outros, é claro, mas isso eu deixo a história decidir. O fato é que foi re-eleito com sobras, obtendo mais de 80% dos votos válidos, derrotando o ex-governador Jarbas Vasconcelos por uma frente maior do que este derrotara seu avô em 12 anos antes.

Manteve a linha no segundo governo que aplicara no primeiro. Vangloriava-se da Rede de Escola de Tempo Integral que cobria - segundo o Governo - todo Pernambuco. Programa que ele não começara - as primeiras foram implantadas no último ano do seu antecessor Mendonça Filho - mas que virou um dos carros chefe de sua administração. Construiu os 3 hospitais prometidos em 2006, embora tenha levado o dobro do tempo. Revitalizou o Futebol em Pernambuco com o Programa Todos com a Nota, que ajudou também nas artes, cinema e parques.

Em 2012 começou a ensaiar voos mais altos: bateu de frente com o PT, a quem sempre apoiara, em diversas capitais e cidades importantes. Venceu em algumas, sobretudo no Recife ao derrotar a chapa petista formada pelo Senador Humberto Costa e o Deputado Federal ( e duas vezes Prefeito ) João Paulo. A senha estava dada. Eduardo sentiu que poderia alçar voos mais ousados...

Em Agosto de 2013 rompeu com o Governo da Presidente Dilma e lançou sua própria candidatura. Um golpe de sorte o ajudou a ter Marina Silva em suas trincheiras: a ex-Senadora não conseguiu registrar o seu próprio partido ( Rede Sustentabilidade ) e para não ficar inelegível, aceitou filiar-se ao partido de Eduardo e ser sua vice. Precisa-se de sorte na vida e na política...

Veio 2014, e em Abril ele deixou o Governo. As pesquisas - tal qual em 2006, davam-lhe o terceiro lugar e ele disse que não era uma simples coincidência deixando claro seu otimismo. Acreditava que tão logo soubessem que era sua vice e ele se tornasse mais conhecido do eleitorado, começaria a cresce e chegaria ao segundo turno. E uma vez lá...

Uma manhã chuvosa em Santos encerrou tudo. O que aconteceu naquele voo que arremeteu na Base Aérea de Santos talvez nunca se saiba, mas o fato é que o sonho de Eduardo em realizar o do avô ( considerado presidenciável forte para o pleito de 65 ou o de 70 ) foi abruptamente interrompido. Não mais o teremos em nosso convívio, não mais o teremos disputando eleições. Fica a saudade eterna. E o vazio.


Eduardo Henrique Accioly Campos. 49 anos recém completados. Casado com Renata de Andrade Lima Campos, que faz 47 nesta semana. Pai de Maria Eduarda ( 22 ), João Henrique ( 20 ), Pedro Henrique ( 18 ), José Henrique ( 9 ) e o pequeno Miguel, nascido em 28 de janeiro. Mulher e filhos que, sabe-se lá como parecem fortes como rocha diante de tamanha tragédia. Igual o Madeira do Rusarinho, que como escreveu Capiba "é madeira de lei que cupim não rói".

Nenhum comentário:

Postar um comentário