Cristina Kirchner: tudo o que os petistas queriam que Dilma fosse... |
Nosso vizinho está agonizando. A Argentina recebeu um ultimato da justiça dos EUA determinando que até o fim de Julho pagasse parcelas da dívida que a Corte daquele país definiu em favor de vários credores. Não entendeu nada do que foi escrito até agora? Calma, poucos sabem bem o que isso. Eu irei explicar.
Em 2001 a Argentina quebrou. Não existiam mais reservas cambiais para garantir os dólares que existiam em créditos nos bancos. Ao contrário do Brasil, nosso vizinho tinha uma economia dolarizada e as duas moedas ( peso e dólar ) eram aceitos pelo comércio da país. Nesse sistema a nação precisa de ter altas reservas cambiais. Mas a queda foi grande e o Governo não quis desvalorizar o peso quando a medida seria menos danosa, as famosas medidas "duras". Resultado? De um dia para o outro os argentinos comuns perderam suas economias. Bancos foram fechados para evitar saques e muitos destes quase quebraram. O país teve 5 presidentes na mesma semana. Eduardo Duhalde. Que entre outras coisas determinou o calote da divida, que evita ter que desembolsar recursos, mas por outro lado corta o crédito.
O presidente seguinte foi Nestor Kirchner que ofereceu aos credores, em 2005, uma proposta: pagar parte da dívida. E assim reduziu de em quase 90% da mesma., mas alguns credores não aceitaram e venderam esta dívida para fundos especulativos, que foram a justiça cobrando o valor integral da mesma. Entre 2005 e 2010 tudo bem, o Governo parcelou a dívida e ia pagando regularmente. Só que os fundos, conhecidos pelo sugestivo apelido de "abutres", foram a justiça e conseguiram vencer na primeira instância. O Governo argentino recorreu, mas perdeu também na segunda instancia em Nova Yorke. Que apelou a Suprema Corte, onde perdeu também.
Agora o país está diante de uma encruzilhada: se pagar o que deve aos fundos "abutres" dará aos outros que aceitaram renegociar a chance de recorrer a mesma jurisprudência, voltando a dívida aos patamares anteriores. E caso não pague verá sua economia desabar em desconfiança, com aumento da inflação e dos juros.
Agora que expliquei, o que isso tem a ver com o Brasil? Muita coisa eu diria. Primeiro porque se o vizinho entrar em uma crise isso nos afeta diretamente, porque a Argentina é um grande mercado para nossos produtos. E em segundo lugar porque isso pode acabar levando a uma onde de calotes de empresários argentinos quanto aos credores aqui. Iremos perder duplamente.
Mas porque Flávio, você disse na legenda da foto que os petistas queriam que Dilma fosse muito parecida com Cristina? Não é pelo calote, com certeza. Acontece que Kirchner só dá entrevista fora do país e está em guerra com o grupo Clarín, o maior do país na imprensa. Tentando remover os entraves que a impedem de destruir o grupo. Justamente o que queriam que Dilma fizesse no Brasil com Globo e Abril.
O cenário é péssimo para a Argentina. E que isso não nos afete demais e se afetar fique apenas no campo econômico e não passe para o campo político...
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