sábado, junho 28

Quando um jogador consegue se redimir salvando toda uma nação



Porto Elizabeth, África do Sul. 02 de Julho de 2010. Estádio Nelson Mandela. Quartas de Finais da Copa do Mundo. Brasil x Holanda, que vencia por 1x0. Até que aos 18 minutos do segundo tempo, Wesley Sneidjer empata. E os olhos de todos no estádio e na TV cobram Júlio Cesar. A falha, que houve, no gol foi mais do horrível Felipe Melo do que do goleiro. Mas como ele era o melhor do mundo a época, foi mais cobrado do que o perna de pau do volante. 15 minutos depois o mesmo Sneidjer viraria o placar, dentro da pequena área, mas este lance não dá para culpar o goleiro...

Corta para 2014. Mineirão lotado prevendo uma tragédia, que de fato esteve bem próxima de acontecer, com a bola na trave de Pinnila quase no fim da prorrogação. Jogadores exaustos e muitos deles mal em campo. Bravo pegando tudo. Quem poderia salvar o Brasil? Alguns podem ter pensado em Júlio César, mas duvido que tenham sido a maioria. Ele que vivera dias terríveis, saiu da Internazionale de Milão. Foi parar no quase insignificante Queen's Park Rangers, um time de terceira linha da Premier League. Seria, digamos assim um recomeço. Ficou por lá 2 temporadas e meia. Mais da metade sem jogar, pois o técnico definira outro jogador como titular. Saiu de lá para ir jogar no Toronto, da Major League Soccer dos EUA. Parecia o fundo do poço... mas ele recebera um voto de extrema confiança de Felipão, ao garantir ele na Copa um ano antes. Mas a desconfiança existia...

Veio a Copa e alguns, entre eles este que escreve, que Jefferson do Botafogo fosse o titular. Parecia um erro confiar num goleiro de 34 anos e em queda na carreira. Parecia. Na abertura, Júlio César fez uma boa defesa em chute de Rakitic. Mostrou segurança. Depois foi seguro outra vez contra o México, assim como contra Camarões. Mas o momento de teste e redenção estava por vir...

Mineirão. O Brasil fez 1x0 e jogava melhor. Parecido com o jogo de 2010. Eis que uma falha da defesa deixou Sanchez cara a cara com Júlio César. E ele foi vazado. 1x1. Viria a virada? Não, não veio mas JC teve que se virar para evitar o gol de Aranguiz em bola que veio no contra pé e ele, sabe-se lá como defendeu. Veio a prorrogação e ele seguia sendo seguro. E demonstrou ter sorte, ao ver uma bola de Pinilla passar por ele ir na TRAVE!!! Eram 13 minutos do segundo tempo da prorrogação. Um gol ali seria o fim do Hexa. Mas JC está se redimindo e precisava das cobranças de penaltys.

E elas vieram. Na primeira delas, cobrada pelo mesmo Pinilla ele se agigantou e defendeu. Pegou também a cobrança Alexis Sanchez. E viu seu companheiros Williams e Hulk desperdiçarem a vantagem duramente conseguida por ele. Quase pega a cobrança de Mena. Viu Neymar converter a sua cobrança, quando um erro poderia ser trágico.

Outra defesa e o Brasil seguiria para Fortaleza para as quartas de final. Levar o gol, contudo, não resultaria em eliminação. E as cobranças seguiriam. Mas Júlio César está em uma campanha de redenção. Ele pula no canto onde cobrou o zagueiro Jara. Se a bola fosse no gol, ele defenderia. Mas a bola foi na trave, passou por trás de Júlio César, percorreu toda a extensão do gol e saiu... era a classificação do Brasil. A redenção de JC. Ele agora está vingado. Está em paz com seu povo, com sua gente. Ele está feliz. Ele está vingado. Ele agora é, de novo, o herói do Brasil...

Ele vai dormir o sono dos justos hoje. Pois tirou um peso que só ele sabe o tamanho. E poderá ser a melhor história desta seleção, se a mesma vencer a Copa. E o Brasil inteiro está feliz com a sua excelente atuação hoje. 

Valeu JC. 

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