Uma seleção de craques, que no Brasil até hoje é tida como limitada... |
A Espanha recebeu a Copa de 82 e pensou em fazer a melhor Copa da História ( soa familiar? ) e fez um mundial com sedes demais, 17 no total ( lembra algum país? ). E foi um fiasco na organização, chegando a ter Xeique do Kwait invadindo campo e conseguindo anular uma partida!!!
A Itália perseguia a 42 anos o tri-campeonato. O país fora o primeiro bi-campeão, mas colecionava fracassos na primeira fase, e só após o mundial do México sinalizou uma mudança, com o vice-campeonato. Em 78, veio uma boa campanha, tendo derrotado a campeã na primeira fase. Vivia bons tempos até que... em 1980 estourou o escândalo da Loteria. Diversos jogadores foram flagrados recebendo dinheiro para combinar resultados. Dentre eles um dos melhores do país: Paolo Rossi, que foi punido por 2 anos sem poder atuar. Só que a ausência de qualidade da Squadra Azzura para a posição, fez com que a pena fosse diminuída. E assim o tri começou a nascer...
No Brasil havia uma certeza: tínhamos um grande time. A Alemanha voltava com força, sendo a campeã europeia. Os argentinos tinham Maradona jogando muito. Os ingleses voltando após duas ausência. A França de Platini e cia era uma força ascendente. O fator caso poderia impulsionar a fúria. Esperava uma grande Copa. E foi, ao menos no número de participantes: pela primeira vez eram 24. E de todos os continentes, assim divididos:
- América do Sul: Brasil, Argentina, Peru e Chile;
- América do Norte: Honduras e El Salvador;
- Ásia: Kwait
- Oceânia: Nova Zelândia;
- África: Camarões e Argélia
- Europa: Espanha, Itália, Alemanha Oriental, França, Polônia, Escócia, URSS, Bélgica, Inglaterra, Hungria, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Irlanda do Norte e Àustria.
Com 24 times, foram formados 6 grupos de 4 seleções cada, classificando 2 em cada grupo. Como seriam 12 classificados, não foi possível realizar jogos eliminatórios a partir da primeira fase. Assim sendo, e só nesta Copa, foram criados mais 4 grupos de 3 participantes cada, de onde os vencedores passariam para as semi-finais. Os grupos da primeira fase foram assim formados e assim decididos:
- Grupo A: Polônia, Itália, Camarões e Peru. O grupo com mais empates da história até aqui. A Polônia do veterano Lato vence o Peru e se classifica. A Itália elimina Camarões de um certo atacante que ainda daria o que falar em 1990: Roger Milla;
- Grupo B: Alemanha Ocidental, Áustria, Argélia e Chile. O grupo da vergonha. Alemães e austríacos relembraram o passado em comum para fazerem o resultado que classificava os dois ( 1x0 para Alemanha ) e eliminava os bravos argelinos. E nem fizeram questão de esconder isso;
- Grupo C: Bélgica, Argentina, Hungria e El Salvador. Os campeões penaram e ficaram em segundo, atrás da Bélgica. A Hungria, que já era detentora da maior goleada das Copas. Pois eles fizeram 10x1 na pobre seleção salvadorenha;
- Grupo D: Inglaterra, França, Kuwait e Tchecoslováquia. O grupo do Xeique. A Inglaterra voltou com estilo às Copas: venceram os 3 jogos. A França empatou com os tchecos e ficou com a vaga. E o Xeique passou para a história...;
- Grupo E: Irlanda do Norte, Espanha, Iugoslávia e Honduras. E a Espanha quase vira a primeira anfitriã a cair na primeira fase. E os irlandeses do norte seguiram 100% em copas, sempre passando de fase;
- Grupo F: Brasil, URSS, Escócia e Nova Zelândia. Grupo decidido em jogo tenso na abertura, entre o Brasil e a URSS de Dasseav, goleiro russo. 2x1 de virada, mas com direito a um penalty de Luizinho. No mais, os dois passaram o rodo em escoceses e nos estreantes da Nova Zelândia.
Veio a segunda fase e os grupos ficaram assim:
- Grupo 1: Polônia, URSS e Bélgica. A Polônia tinha sua geração de ouro, mesclada com novos jogadores, vide Boniek. E passou até fácil por este grupo;
- Grupo 2: Alemanha Ocidental, Inglaterra e Espanha. O mais indefinido dos 4 grupos. Na partida final da chave, entre Espanha e Inglaterra os dois, o segundo dependia só de si. E faltando 5 minutos Kevin Keegan, o melhor inglês no pós 1970, perdeu gol inacreditável, classificando os alemães. A Espanha, fez apenas figuração...;
- Grupo 3: Itália, Brasil e Argentina. A tragédia de Sarriá. Não tem como lembrar ou esquecer daquela partida no dia 05 de julho. A desacreditada Itália bateu a Argentina na abertura do grupo, por 2x1. O Brasil fez 3x1 nos rivais e jogaria pelo empate contra a apenas "esforçada" Squadra Azzura. Paolo Rossi acordou para a Copa e fez 3 gols. Seus primeiros naquele mundial. E o Brasil, foi eliminado;
- Grupo 4: França, Áustria e Irlanda do Norte. Pálida na primeira fase, a França de Platini deslanchou no grupo e venceu os dois jogos.
Existe uma máxima nas Copas do Mundo: Mundial disputado no Velho Continente, o campeão é europeu. Só o Brasil quebrou isso em 1958. E na maioria das Copas jogadas por lá, os 4 primeiros foram europeus. E assim foi na Espanha. A Itália não tomou conhecimento da Polônia: 2x0, gols de Rossi. Já na outra partida... se alguém fizer uma lista dos 5 melhores jogos das Copas, diversas partidas poderão ser citados, mas esquecer da partida entre Alemanha Ocidental e França é um pecado mortal. Ao lado da semi de 70 entre os mesmos alemães e italianos, poucos jogos se igualam a este em dramaticidade e emoção. Ao fim dos 120 minutos, o placar era 3x3. E pela primeira vez uma partida seria decidida nos penaltys. E deu Alemanha, por 5x4. Mas os franceses sempre reclamam deste lance aqui:
Acreditem ou não, mas o árbitro da partida nem deu falta!!! E sim, o atacante saiu de maca. E ficou de fora da decisão do terceiro lugar, na qual destroçada emocionalmente, a França perdeu para a Polônia, por 3x2.
Reconhece o juiz da foto, atuando na final da Copa? |
Já na final em Madri... foi um passeio da Itália, por 3x1, com um gol de Rossi, outro de Tardelli e Altobelli o terceiro com Breitner descontando ( gol aparentemente sem motivo de glória, mas colocou-o na exclusiva lista de jogadores a marcar gols em duas finais de Copa ). A Itália finalmente conseguia ser tri-campeã, pondo fim a uma série de decepções. E fez isso superando a tudo e a todos. Até no seu país.
O Artilheiro
Pela segunda vez na história, artilheiro e craque da Copa eram da seleção campeã. Como citado no começo do texto, Paolo Rossi foi flagrado fazendo apostas e por isso foi punido. Teve sua pena reduzida e virou artilheiro, craque e campeão. Mais um da série de 6 gols. O único italiano.
Definitivamente Rossi não era uma jogador comum. Mesmo que aqui seja carrasco, para os italianos é um herói.
O Brasil na Copa
O Brasil de 1982 é a seleção brasileira não campeã mais comentada e elogiada da história do Brasil. Supera fácil o time de 1950, mesmo que - atleta por atleta - a do Maracanazo seja melhor. Para muitos rivaliza até com o time de 1970. Com os de 94 e de 2002 é quase certeza ser melhor... para desespero de um tal de Dunga, que acredita que tenha que ser mais reverenciado do que Falcão. Que na foto acima acabara de empatar a partida contra a Itália, em 2x2. Se o jogo parasse neste momento, talvez o Brasil fosse lutar pelo Hepta agora em 2014.
O time de 82 tinha falhas: o goleiro não era o melhor do Brasil e estava longe de sê-lo entre os da Copa; Serginho e Éder formaram um dos mais fracos ataques de nossa história em Copas, embora o segundo tenha sido fundamental em algumas partidas, sobretudo quando virou a partida de estreia. Mas era no meio campo e nas laterais que aquele time era espetacular. Leandro e Júnior jogariam facilmente em qualquer time forte do mundo, eram aliás do time campeão mundial à época, o Flamengo. Falcão, Cerezo, Zico e Socrátes é provavelmente o melhor meio-campo que a Seleção já teve. Tinha força e qualidade em doses fartas. Mesmo que muitos digam que Cerezo tenha sido culpado, o time poderia ter tirado o pé após fazer 2x2.
Enfim, existem times que viram imortais mesmo perdendo. Assim como Hungria e Holanda, este time é imortal, mesmo sem ter sido campeão. Pior para a Copa do Mundo...
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