domingo, junho 8

França 1998: Zidane e cia ganham a Copa em casa

a coroação de Zizou...
A Copa da França foi a primeira com 32 seleções e a primeira a não ter sede fixas para cada grupo ( nos EUA já não fora assim, mas o cabeça de chave fazia suas duas primeiras partidas no mesmo estádio ). O motivo era de logística mesmo: com 8 grupos, seria necessários 16 estádios, numero considerado alto. A anfitriã voltava às Copas de 1986, quando fizera sua melhor participação. Quem também retornava era a Inglaterra.

O Brasil, na condição de então campeão, era o favorito destacado, até porque agora tinha um time melhor no papel. E ainda tinha Romário... quer dizer, achava que teria. Lesionado o jogador foi cortado, numa cena que chocou demais. Hoje é fácil falar, mas aquilo parecia um sinal de o mundial seria cheio de altos e baixos...


As 32 Seleções que participaram estavam assim divididas por continentes:
  • América do Sul: Brasil, Argentina, Paraguai, Colômbia e Chile;
  • América do Norte e Central: México, EUA e Jamaica;
  • Ásia: Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita e Irã;
  • África: Camarões, Marrocos, Tunísia, Nigéria e África do Sul; 
  • Europa: França, Holanda, Itália, Alemanha, Áustria, Romênia, Bulgária, Espanha, Iugoslávia, Noruega, Escócia, Inglaterra, Bélgica, Croácia e Dinamarca;
Após o sorteio, os grupos ficaram assim e tiveram o seguinte desenrolar:
  • Grupo A: Brasil, Noruega, Marrocos e Escócia. O Campeão, em um grupo frágil, deveria passar fácil, não é mesmo? Nem tanto assim. Na estreia um time sem inspiração sofreu para vencer uma horrível Escócia ( 2x1 ). Depois uma vitória totalmente sem sal diante do Marrocos ( 3x0 ). No jogo em Marseille, o time de Zagallo perdeu para a Noruega!!! Que com o resultado passou em segundo.
  • Grupo B: Itália, Chile, Áustria e Camarões. Itália sem sofrimento. Foi a novidade do Grupo. Os chilenos empataram com tudo mundo e como os rivais perderam para Itália e empataram entre si . Dessa maneira Marcelo Salas e Ivan Zamorano fizeram história para "la roja": primeira vitória em solo europeu e primeira classificação fora da Copa que sediaram. Pena que durou pouco esta viagem histórica terras francesas...;
  • Grupo C: Franca, Dinamarca, África do Sul e Arábia Saudita. Os europeus sobraram e como a França venceu, ficou em primeiro. Fácil assim;
  • Grupo D: Nigéria, Paraguai, Espanha e Bulgária. Esqueçam a quarta colocada da Copa de 94: a Bulgária foi um fiasco, só conseguiu empatar com o Paraguai. A Espanha perdeu na estreia para a Nigéria e assim se complicou ao empatar com o Paraguai. Na rodada final a Fúria precisava que a Nigéria vencesse e ela ganhasse da Bulgária. Venceu, mas o Paraguai fez 3x1 e se classificou. A Nigéria ficou em primeiro;
  • Grupo E: Holanda, México, Bélgica e Coreia do Sul. A Holanda venceu a Coreia do Sul e empatou com os belgas e mexicanos, o mesmo que fez o México. A Oranje ficou em primeiro pelo saldo. Os belgas empataram 3 partidas e dançaram;
  • Grupo F: Alemanha, Iugoslávia, Irã e Estados Unidos. Alemães e Iugoslávia derrotaram os outros 2 rivais. Como empataram entre si, os germânicos ficaram em primeiro por causa do saldo de gols. Destaque para a prova de amizade entre iranianos e americanos. Nada como o futebol para unir os povos. Quem venceu? Isso não deveria importar, mas foi 2x1 para os árabes;


  • Grupo G: Romênia, Inglaterra, Colômbia e Tunísia. Na despedida de Hagi das Copas, a Romênia foi a primeira do grupo, com a Inglaterra eliminando os cafeteros no confronto direto.
  • Grupo H: Argentina, Croácia, Jamaica e Japão. Na primeira vez que conseguiram se classificar, o Japão foi um mero figurante, perdendo até para a Jamaica. Os argentinos ficaram em primeiro ao derrotarem os croatas. Que iriam bem longe na Copa;
Finda a maior primeira fase da história das Copas, vieram os confrontos eliminatórios. Em Marseille a Itália tirou a Noruega ( 1x0 ); Em show de César Sampaio - melhor volante brasileiro de sua geração - o Brasil passou por 4x1 no Chile. no Parc dos Princes; No Estádio Felix Bolaert, em Lens, a batalha da Copa entre França e Paraguai, de Gamarra, Ayala e Chilavert. Só o gol de Blanc, na prorrogação foi que decidiu o confronto. 


No Stade de France a Dinamarca passeou diante da Nigéria ( 4x1 ); Em Montpellier, os alemães despacharam os mexicanos ( 2x1 ); Em Toulouse, a Holanda passou pela Iugoslávia ( 2x1 ); Em Bordeaux, a Croácia aposentou Georgi Hagi vencendo por 1x0; No possivelmente melhor jogo da Copa, Argentina e Inglaterra precisaram dos penaltys para definir quem prosseguiria na Copa, após empatarem pro 2x2 em 120 minutos. Nas cobranças, melhor para os argentinos ( 4x3 ).

Nas quartas, em Marseille a Holanda despachou a Argentina por 2x1, com um golaço de Bergkamp no finalzinho da partida; No Stade de France, Zidane e cia seguiam em sua saga rumo a final, ao passar pela Itália nos penaltys por 4x3, após 0x0 nos 120 minutos; Em Nantes o Brasil sofreu e precisou de uma atuação de gala de Rivaldo para poder ir a semi-finais, vencendo por 3x2 a Dinamarca; E em Lyon... bom, el Lyon o resultado que chocou o mundo: os croatas - em sua primeira participação em Copas, fez 3x0 na Alemanha, que jogou com 10 atletas por mais de 60 minutos.


Chegou a hora de decisão e Marseille viu um jogaço entre Brasil e Holanda. Pela segundo Copa seguida as duas seleções iriam decidir uma vaga, só que agora esta seria para a final. O Brasil jogou melhor, fez 1x0 com Ronaldo e parecia tudo decidido, mas quando você um zagueiro horrível como Júnior Baiano...


O empate gol de empate de Kluivert, levou o jogo para a prorrogação. Reparem bem como está o horroroso zagueiro do Brasil... Ronaldo teve uma grande chance, mas foi travado após ele esperar demais para finalizar. E vieram os penaltys. E o Brasil tinha Taffarel. E ele foi o heroi, ao defender duas cobranças de Cocu e Ronald e Boer. Assim como em 58 e 62, o Brasil jogaria duas finais seguidas. Na outra partida da semi-final, a França virou para cima da surpreendente Croácia. Mas perdeu o zagueiro Blanc - salvador nas oitavas - pelo segundo cartão. Não faria falta ao fim, mas causou calafrios nos "le bleus".


A partir de agora vem o que não pode ser explicado. Duvido que um dia saibamos da verdade sobre aquela manhã de 12 de julho, quando Ronaldo sofreu uma convulsão, por motivo até hoje não esclarecido. Mas isso, a convulsão, não é o problema, ela ocorreu com 100% de certeza. O que precisaria ser explicado é que força oculta fez com que um jogador que quase morrera pela manhã entrou em campo a noite. Pressão do patrocinador? Ele realmente estava em condições? a CBF impôs a escalação? Sabe-se lá o que aconteceu, mas uma coisa é certa: ele em campo não passou confiança ao time brasileiro. Quando ele trombou com Barthez, era nítida a preocupação dos companheiros, com medo do que pudesse ter acontecido.

A partida... bom, foi um passeio dos le bleus. Ou melhor, um passeio de Zidane. Que fez dois gols e Petit deu o tiro de misericórdia no instantes finais. Epopeia no Stade de France, vendo a França ser alçado ao seletíssimo grupo dos campeões mundiais.


O artilheiro


Davon Suker foi o segundo artilheiro de Copas vindo da região dos balcãs, assim como Jerkovic em 62. Alto e forte, Suker foi um dos dos pilares do time da camisa xadrez, que deixou favoritos pelo caminho e quase foi a final. Ele também foi o último da série de artilheiros de Copas com 6 gols. Na Copa seguinte, Ronaldo faria 8.

O Brasil na Copa


Teorias conspiratória a parte, a campanha do Brasil foi melhor do que o time sugeria. Bom nas laterais, era frágil na defesa. O melhor zagueiro do Brasil na época era Mauro Galvão e por muito, mas Zagallo preferiu levar o fraquíssimo Júnior Baiano. Aldair já era um veterano decadente, mas o "velho Lobo" insistiu com ele. O resultado? Gols bobos tomados na Copa e diversas falhas. Aliás, se o placar da final foi apenas de 3x0, credite-se na conta de Claudio André Taffarel, que operou dois milagres daqueles naquela partida. Dunga já não era mais o mesmo. E nem a Copa soberba de Rivaldo salvou, pois Ronaldo jogou-a no sacrifício. Sem falar do mal explicado problema na final. 

Enfim, mais do que daria para fazer...

Nenhum comentário:

Postar um comentário