sexta-feira, junho 6

Itália 1990: Na pior Copa da história, Alemanha de Mattaus também chega ao Tri

Alemães comemoram o tri, em vingança direta pela derrota de 4 anos antes...
A Itália se preparou para realizar a melhor Copa de todos os tempos. Em termos de organização a mesma até que foi melhor que no México, com seus estádios praticamente lotados em todas as partidas. Mas dentro de campo...

Foi a Copa mais fraca tecnicamente da história com poucos gols, partidas tenebrosas e empates a dar com rodo. Em um cenário assim, qualquer seleção que tivesse ao menos um craque para decidir sairia campeã. E foi assim que Alemanha de Lothar Matthaus e a Argentina de Diego Maradona repetiram a final do México. Já o Brasil... bom, o Brasil de jogadores extramente limitados como Dunga, não foi longe, mas disso tratamos mais abaixo.

O regulamento foi mesmo de quatro antes. As 24 seleções que participaram foram estes:
  • América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia;
  • América do Norte: Costa Rica e Estados Unidos;
  • África: Camarões e Egito;
  • Ásia: Coreia do Sul e Emirados Árabes Unidos;
  • Europa: Alemanha Ocidental, Itália, Bélgica, Inglaterra, Áustria, Tchecoslováquia, Suécia, Escócia, Iugoslávia, Espanha, Holanda, Irlanda, Romênia e URSS.
Após o sorteio, a distribuição dos grupos ficou assim:
  • Grupo A: Itália, Tchecoslováquia, Áustria e EUA. O time dos EUA voltava a uma Copa desde 40 anos e se preparava para a seguinte, que sediaria. Mas foi apenas figurante no grupo com o país sede e duas boas seleções europeias. A Squadra Azzura passou por cima de todos e os tchecos venceram a decisão contra os austríacos, que ficaram de fora;
  • Grupo B: Camarões, Romênia, Argentina e URSS. Oman Biyik fez o gol de abertura da Copa contra a Argentina, que quase pagava mico, pois se a bola de Hagi - sim o mesmo que eliminaria a mesma Argentina 4 anos depois - entrasse... Camarões ficou em primeiro, com os romenos em segundo. A URSS considerada favorita antes da Copa, foi quem sobrou no grupo;
  • Grupo C: Brasil, Costa Rica, Escócia e Suécia. O Brasil cumpriu seu favoritismo e passou fácil pelo grupo, mesmo jogando mal. E quando todos pensavam que a Costa Rica seria o caso de pancadas, eis que os Ticos venceram as duas partidas. A Escócio venceu a Suécia, mas de nada adiantou;
  • Grupo D: Alemanha Ocidental, Iugoslávia, Colômbia e Emirados Árabes. Tudo dentro do normal até os 47' do segundo tempo da partida entre Alemanha e Colômbia, onde o 1x0 estava dando 100% aos germânicos e tirando os cafeteros da Copa. Só que, Freddy Rincon, em jogada sensacional de Valderrama empatou o jogo, em um dos raros momentos espetacular da Copa. A Colômbia assegurava o terceiro lugar e a Alemanha ainda era primeira. A Iugoslávia, em sua última participação em Copas, ficou em segundo;
  • Grupo E: Espanha, Bélgica, Uruguai e Coreia do Sul. Os 3 favoritos passaram de fase, com os espanhóis conseguindo ficar em primeiro, os belgas em segundo e o Uruguai em terceiro;
  • Grupo F: O pior grupo da história das Copas. É duro dizer isso, mas foi o que aconteceu. E olhem que nele estavam a campeã europeia ( Holanda ), a Inglaterra e a Irlanda. Só o Egito era mais frágil. Só que até a terceira rodada, ninguém tinha vencido em 4 jogos. Parecido com o Grupo da Itália em 82, mas na Espanha os poloneses ainda fariam 3x0 no Peru. Aqui o máximo que houve foi a Inglaterra fazendo 1x0 no Egito. E o jogo da vergonha: Holanda e Irlanda estavam empatando em 1x1, quando souberam do resultado dos ingleses. Naquele momento, quem sofresse um gol, estaria eliminado. Os times passaram a apenas deixar o tempo passar, sem que ninguém quisesse atacar. Até o árbritro Michel Vautrot parar o jogo, chamar os capitães e pedir jogo. Não rolou. Pior para a Holanda que perdeu o sorteio - já que não houve como definir segundo e terceiro - e foi jogar contra a Alemanha pelas oitavas.


Chegou então de definir quem jogaria as quartas de finais: em Nápoles, as duas surpresas da Copa fizeram o melhor jogo, talvez até da Copa, com os camaroneses superando os cafeteros por 2x1, com o inesquecível gol de Roger Milla roubando a bola do folclórico goleiro René Higuita; Em Bari, o sonho dos Ticos ruiu perante a Tchecoslováquia, por 4x1, mas o jogo chegou a estar 1x1; Em Turim, Maradona dá show, faz a jogada da Copa e elimina o apático Brasil, por 1x0, gol de Cannigia; Em Milão, a Alemanha despacha a campeã europeia, a Holanda, por 2x1; Em Gênova, um 0x0 chato perdura por 120 minutos e nos penaltys a pálida Irlanda passa pela Romênia de Hagi; Em Bologna os ingleses eliminaram a Bélgica com um gol de Robert Platt, quando faltava um minuto pro fim da prorrogação; Por fim a Itália eliminou o Uruguai em Roma, por 2x0.

Já pelas quartas, a Itália passou pela Irlanda pelo placar mínimo em Roma; Em Milão, os tchecos se despediam de Copas, ao caírem perante os alemães por 1x0; Em Florença nem 120 minutos puderem dar um gol no placar entre Iugoslávia e Argentina e só os penaltys colocaram os hermanos na semi ( 3x2 ); Enquanto que em Nápoles um time sem sal da Inglaterra conseguiu eliminar o melhor time da Copa, Camarões. Que pagou caro por seu futebol irreverente e sem qualquer responsabilidade tática e perdeu por 3x2 - de virada - na prorrogação.


Assim, como na maioria das Copas jogadas em solo do velho continente, só Seleções da Europa decidiriam o título da pior copa de todas. Para começar, as duas partidas semi-finais tiveram o mesmo placar nos 120 minutos ( 1x1 ) e nas cobranças de penaltys ( 4x3 ). Em Nápoles, a Itália iria enfrentar seus maiores problemas sociais, mais até do que a Argentina. O sul da Itália é um local descartado pelas autoridades, é mais pobre, menos educado e com mais desigualdades do que o norte. Quando marcaram a semi-final para lá, os italianos imaginavam encarar o Brasil, e jamais sonhariam que fossem pegar o time do "deus" napolitano. Maradona já chegou pedindo que os torcedores do Napoli, time da cidade e qual Maradona tornara relevante, ficassem do seu lado, contra o Norte - no caso - a Itália. Metade do estádio era da Argentina. Mario Tassoti disse que se o jogo fosse em Buenos Aires talvez tivesse sido mais fácil para a Itália. Quando Valter Zenga falhou e Cannigia empatou, a Itália sentiu o baque. Na decisão por penaltys, Goicochea defendeu as cobranças de Donadoni e Serena. A Argentina estava na final. Contra a mesma Alemanha de quatro anos atrás... E a Itália jamais seria a mesma após aquele 3 de julho.


A Itália ainda ficaria em terceiro, ao vencer em Bari a Inglaterra por 2x1. Na Final, disputada no Estádio Olímpico de Roma, mais um jogo feio de assistir. A Argentina dependia demais de Maradona, que bem marcado pouco fez em campo. A cinco minutos do fim, um penalty mal marcado diga-se de passagem, pôs um fim na Copa. Nem mesmo o super pegador de penais, Sérgio Goicochea ( 4 defesas naquela Copa ) foi capaz de evitar que Andreas Brehme desse o tri para a Alemanha. Na pior Copa, nada mais apropriado do que um penalty inexistente para decidir o campeão.


O Artilheiro


Salvatore Schilaci era um desconhecido um ano antes da Copa. A atacante de 26 anos atuava no inexpressivo Messina, quando foi contratado pela Juventus. Entrou no time de Azzeglio Viccini apenas no ano da Copa. Foi mais como uma aposta, que poderia estar mais preparado para a Copa seguinte. Só que não foi bem assim...

Ele marcou 6 gols ( um contra a Áustria na estreia, um contra os tchecos, um contra o Uruguai, o da classificação contra a Irlanda, o da semi-final e o decisivo na disputa de terceiro lugar ) e virou artilheiro da Copa. Mais um dos que só marcaram 6 gols.

Desconhecido antes da Copa, pouco fez depois dela. Mas já tinha feito o suficiente para entrar para a história.

O Brasil na Copa


Para a pior Copa da História, que tal o pior time do Brasil em quase todas as Copas? Ou a pior campanha desde o fiasco na Inglaterra em 1966? Pois é, este foi o Brasil que passou pelos campos italianos. 4 gols marcados em 4 jogos e uma eliminação na melhor partida que jogou no torneio.

Sebastião Lazaroni possivelmente é o pior treinador do Brasil em Copas e implantou o 3-5-2 com líbero na seleção. Resultado? O time tinha uma ótima defesa, mas o ataque... Além disso péssimas escolhas na convocação como levar Tita e Bismarck só porque eram do Vasco de Eurico Miranda...

Ficou famosa também a foto antes da Copa, na qual os jogadores - insatisfeitos com o valor da premiação - cobriram o logotipo do patrocinador, na época a Pepsi. Não tinha como dar certo. Claro que alguns jogadores acabariam sendo campeões quatro anos mais tarde. Alguns - vide Dunga - sem qualquer merecimento...

Um comentário:

  1. Gostei do texto, mas existem alguns erros que necessitam de correção. O primeiro deles é o fato de que o Iraque não disputou esta copa. Na verdade, quem estava no apático e medíocre grupo da Inglaterra junto com Irlanda e Holanda, era o Egito. Em relação ao patrocinador do Brasil, se eu não me engano era a Topper e não a Pepsi. Mas não tenho certeza. Outro pequeno erro está na parte que diz "quartas de finais" que na verdade foram as oitavas de finais daquela copa, como no caso do jogo Colômbia e Camarões.

    ResponderExcluir