segunda-feira, junho 7

O que acontece agora com Tite já foi visto em 1970 com o João sem Medo.


No Brasil, nem as crises são novas. Basta ter um pouco de memória e perceber que vira e mexe as coisas se repetem. 51 anos depois da vergonhosa troca no comando da Seleção, saindo João Saldanha entrando Zagallo, eis que temos uma repentina e nada decente campanha por uma troca. E os motivos são os mesmos: política nacional.

Antes de prosseguir, eu não estou cometendo a Heresia de comparar Tite com Saldanha, porque o segundo era muito mais decente e ético do que o Adenor Baque. Também não comparar o eventual substituto de Tite com Zagallo, que é o recordista de participações em Copas ( seis ao todo ). E claro, em 1970 vivíamos numa Ditadura comandada por mão de ferro por um dos maiores facínoras de história: Emílio Garratuzu Médici, que vive no inferno. Mas quem está na presidência, não por outro motivo, adoraria ter o mesmo poder daquele de 51 anos atrás. Caráter realmente é artigo de luxo. Adiante...

A polêmica de 1970 era o atacante Dário, o Dadá Maravilha. Que sempre foi péssimo de técnica, mas de excelente faro de gol. Saldanha disse que o presidente escolhia seus Ministros e ele os seus jogadores. Somando a isso, João sem Medo era do PCB ( não confundir com o PC do B atual ), amigo pessoal de Júlio Prestes e do Regime Soviético. Bom, ele era um estorvo pra Médice. E ai ele pressionou um tal de João Havelange ( sim, ele mesmo ) e a troca foi feita dia 17 e no dia 19 Dário era convocado. E vários militares passaram a compor a Seleção no México. Onde fomos tri, mas isso é outra história.

Tite já disse que não gosta de Bolsonaro e claramente tem mais simpatia pelo Lula. Até onde eu sei, isso é direito dele ainda mais numa Democracia. Mas ele e os jogadores estão claramente contra a realização da Copa América no Brasil, com o que concordo. Mas agora os Bolsonaristas nas Redes Sociais começaram um ataque pleno a Tite, cobrando sua imediata saída. Pois é, Bolsonaro e os seus requentam crises do passado.

Para piorar, Rogério Cabloco foi punido pela Comissão de Ética da CBF por trinta dias devido a um escândalo de assédio sexual contra uma Secretária. Ele esperava contar com a Copa América e o apoio de Bolsonaro para sobreviver ao escândalo e permanecer no cargo ( curiosamente o mesmo que quer o Presidente, escondendo a CPI da COVID ). Ele, segundo apurações, teria prometido ao presidente a cabeça de Tite após a partida de terça contra o Paraguai em Assunção. Agora punido e sem poder...

Além disso, os patrocinadores ameaçam debandar e isso afetaria o bolso dos que se sustentam do sistema. Logo, Cabloco é dado como carta fora do baralho e que um novo presidente apareça logo para garantir os milhões dos patrocinadores. E assim até mesmo a Copa América corre sérios riscos de não acontecer. Para desespero do Palácio do Planalto.

João Saldanha deve estar rindo vendo tudo isso. Com seu cigarro e pensando: amadores.

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