FHC com as extintas notas de 1 Real |
Os mais jovens, quem tem menos de 35 anos, se assustam quando a Inflação chega a 1% ao mês. Acham isso um absurdo e já dizem que tudo está fora do controle. O que diriam se como eu tivessem vivenciado, com alegria, que a inflação fosse 1% ao dia? Era um grande sinal, nos períodos de hiperinflação que ela fosse de 1% ao dia. Parece piada, mas isso já aconteceu.
Tudo começou a mudar quando o então Ministro das Relações Exteriores Fernando Henrique Cardoso ( PSDB-SP ) aceitou uma delicada missão: assumir o comando da Economia. Emprego a época que representava perder prestígio e a cabeça em pouco tempo. Num determinado período do Governo Itamar Franco ( 92-94 ), 3 foram Ministros em apenas 2 meses. Era um emprego de risco e FHC é Sociólogo e tem ZERO formação na área. Mas topou o desafio porque, claro, tinha ambições políticas.
Ele assumiu a pasta e foi atrás de um equipe para controlar a inflação, fazer crescer a economia e garantir estabilidade cambial. Pare ciam metas ambiciosas demais, mas o Plano que lhe ofereceram era perfeito para isso. André Lara Resende e Pérsio Arida são considerados os principais mentores, mas nomes como o de Pedro Malan ( que foi o Presidente do Banco Central e depois Ministro da Fazenda de FHC ), Armínio Fraga e Gustavo Franco ( que seria Presidente do Banco Central ) dentre outros. Esta equipe tinha tocou o plano que foi feito em diversas fases, não mais com um dia D, aquele em que tudo é feito.
Para entender os passos, sugiro a leitura deste texto aqui e desta entrevista de Edmar Bacha, membro da mencionada equipe. Uma grande diferença é que não houve congelamento de preços, o que quase fundia a cabeça do Presidente Itamar, que sempre perguntava quando aconteceria o tal congelamento. Outra grande diferença é que não apenas cortou-se zeros da moeda, então Cruzeiro Real e sim criou-se uma nova: o Real.
Em Abril, veio a conversão de Cruzeiros Reais em URV - Unidade de Real de Valor - onde na prática a nova moeda já estaria me vigor. No dia 1º de Julho veio a conversão final: 2.750,00 CR$ viraram 1,00 R$. E veio o fim da hiperinflação. Como que por um passe de mágica. Passados 27 anos parece fácil explicar, mas não foram dias fáceis. Muitos apostavam contra, sobretudo o então líder das pesquisa: Luiz Inácio Lula da Silva.
Fernando deixara o Governo bem antes e o Ministro já era Rubens Ricupero. Lançou-se candidato pelo PSDB e venceu facilmente no primeiro turno, quando o dólar valia praticamente um real. Foi barbada e quanto mais o PT batia no Plano, mais Lula caía e FHC subia. Daí a afirmação do título. Isso porque se o PT foi danoso para a economia com o Plano Real fortalecido, imagina o que aconteceria se Lula vencesse em 1994 ainda com a tese de dar calote na Divida Externa?
FHC Governou quase que num mar de cruzeiro em seu primeiro mandato e foi re-eleito no primeiro turno em 1998, Emenda aprovada em 1996 e sobre a qual pairam até hoje suspeitas de corrupção. Aprovou as primeiras regras de Previdência, mas começou a ruir com a desvalorização do Real em Janeiro de 1999. Veio o apagão de 2001 e o resto todos lembram.
Mas uma coisa não mudou: o Brasil superou a Hiperinflação. Mesmo que os Governos do PT tenham trocado o endividamento externo pelo interno, as bases do Plano Real seguem praticamente os mesmos. E a Estabilidade é um feito que jamais pode ser ignorada e negado a quem de direito: FHC e os membros da equipe.
Essa Estabilidade completa 27 anos amanhã. E acredite que sem ela o Brasil seria muito pior do que é hoje, porque inexiste nação desenvolvida com Hiperinflação. E sem Fernando Henrique aceitar aquele convite, nada disso teria acontecido.
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