segunda-feira, junho 2

Alemanha 74: Holanda revoluciona mas a taça fica com os donos da casa

Beckenbauer levanta a Taça FIFA, observado por Breitner...
A Jules Rimet ficara com o Brasil em definitivo. E por isso outro trofeu teve que ser confeccionado. Ao contrário da mulher alada com uma taça sobre a cabeça, entra uma escultura que simboliza o globo mundial e os atletas em sua busca. Esta, além de maior, não mais seria ganha em definitivo por alguém, apenas posse transitória. Além disso, tivemos uma mudança no regulamento. Agora as 8 classificadas da Fase de Grupos, disputariam outros 2 Grupos, onde os primeiros de casa grupo fariam a final e os dois que ficasse em segundo decidiriam o terceiro lugar.

Esta era a primeira Copa sem Pelé, que abandonara a seleção em 1971. Seria também a primeira de João Havelange já eleito presidente da FIFA, de onde só sairia 24 anos depois. Também foi curioso o fato desta ter sido a única Copa da qual tomou parte a Alemanha Oriental. E a mesma ficou cercada pela expectativa se o Brasil conseguiria o Tetra. Ao contrário de 1966, o Brasil chegou perto da final, mas o futebol foi feio de assistir.

As Seleções, por continentes, estavam assim distribuídas, com destaque para a primeira participação da Austrália:
  • América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Chile;
  • América do Norte: Haiti;
  • África: Zaire;
  • Oceania: Austrália;
  • Europa: Alemanha Ocidental, Alemanha Oriental, Itália, Holanda, Suécia, Escócia, Iugoslávia, Polônia e Bulgária.
Os grupos assim ficaram divididos e assim decididos:
  • Grupo A: Alemanha Oriental, Alemanha Ocidental ( classificados ), Chile e Austrália. O embate ( único na história ) era o mais esperado. E acabou de fato sendo histórico: até hoje pairam acusações de que os ocidentais tenham tirado o pé para não caírem no grupo da sensação holanda. A derrota por 1x0 foi um dos jogos históricos desta Copa;
  • Grupo B: Iugoslávia, Brasil ( classificados ), Escócia e Zaire. O Brasil só passou por causa de um gol a mais, marcado por Valdomiro quando faltavam apenas 11 minutos para o fim da partida. A Iugoslávia passou com sobras em primeiro. O Brasil marcou apenas 3 gols em 3 jogos;
  • Grupo C: Holanda, Suécia ( classificados ), Uruguai e Bulgária. A Holanda chegou na Copa sem ter qualquer oba-oba como alguém pode pensar. Rinus Michell assumira o comando da equipe em Março e não era vista qualquer tipo de inovação em seu comando. E nem na primeira fase eles foram assim tão espetacular, diga-se de passagem, pois passaram com 2x0 no Uruguai, empataram com a Suécia ( 0x0 ) e só deslancharam contra a frágil Bulgária ( 4x1 ). Os Suecos empataram com os uruguaios, mas como bateram os búlgaros, ficaram em segundo;
  • Grupo D: Polônia, Argentina ( classificados ), Itália e Haiti. Mais uma vez a Itália ficou na primeira fase, somando um gol a menos de saldo que os argentinos. A Polônia, então campeã olímpica, seria a única a somar 6 pontos nos 4 grupos.
     

o único aperto de mãos entre capitães alemães da história do futebol
Na segunda fase, o Grupo 1 ficou com Holanda, Alemanha Oriental, Argentina e o Brasil. Na primeira rodada o Brasil, com grande sofrimento, venceu a Alemanha Oriental por 1x0. Já na outra partida um baile: os 4x0 da Holanda aplicada na Argentina assombrou o mundo. A imagem abaixo mostra o porque:


Era o futebol total. 8 jogadores saem ao mesmo tempo da área, de olho na bola. Era um revolução. Na segunda rodada o Brasil venceu seu maior rival por 2x1, enquanto que a Holanda passava por 2x0 frente os alemães. Mesmo sem ter uma semi-final programada, Brasil e Holanda decidiriam  na caixa de fósforo do Westfalen Stadium, na fria Dortmund. A Holanda jogava pelo empate, mas foi pra cima. O Brasil de Zagallo teve duas chances que poderiam ter mudado a história, mas no fim o melhor futebol dos holandeses prevaleceu: Neeskens e Cruifjj fizeram o 2x0.


No Grupo 2 ficaram Alemanha Ocidental, Polônia, Suécia e Iugoslávia. Após as 3 rodadas, Polônia e Alemanha deixaram os rivais para trás. E fizeram, assim como no Grupo 1, uma partida decisiva. O gol de Mueller sacramentou a classificação alemã.

Era questão de tempo. De quanto tempo levaria para a Holanda marcar o primeiro gol. E foi apenas 2 minutos, sem que nenhum alemão sequer tivesse tocado na bola. Parecia que o massacre esperado aconteceria. Parecia... Abaixo cenas dos 3 gols da final, a primeira a ter dois gol de penaltys.




Com raça e qualidade, os donos da casa equilibraram a partida e viraram ainda no primeiro tempo. No segundo suportaram a pressão e venceram sua segunda Copa. O mundo, assim como em 54, menosprezara a força germânica e mais uma vez ele mostraram que do que era capazes. Mas até hoje fala-se mais do time laranja do que o do de branco.

O Artilheiro


Grzegorz Lato era um ponta-direita veloz e com faro de gol apurado. Marcou 7 vezes naquela Copa. Pelas próximas 6 Copas ninguém marcaria mais gols do que ele. Lato foi artilheiro também das Olimpíadas de 72, também disputadas na Alemanha. Ele também marcou o gol da imagem acima, que deu a seu país o terceiro lugar naquela Copa.

O Brasil na Copa


Entre a estreia - imagem acima - e a eliminação perante os holandeses ( imagem abaixo ), o Brasil viveu uma campanha pálida, com um time sem alma e criatividade, que nunca se achou na competição e que não foi páreo para a forte holanda ou a técnica Polônia na decisão do quarto lugar. Contudo, é preciso dizer que esta seria uma das melhores campanhas até o Tetra em 1994, exceção só a Copa seguinte.

Rivelino foi quem mais jogou futebol, com sua cobranças de falta e Jairzinho tornou-se o primeiro brasileiro a marcar em 3 Copas seguidas. Leão estabeleceu o recorde nacional de tempo sem tomar gols, mas marcar era o problema. Tanto que dos 7 jogos, o time só marcou em 3 deles, tirando os dois primeiros e os dois últimos. 


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