Maradona e a Copa. Os dois se uniram no México... |
Diego Armando Maradona é um deus em seu país. Reverenciado ao extremo. Um daqueles casos que supera qualquer lógica. E se querem saber a verdade, pelo o que ele fez na Copa do México em 1986 tudo isso é merecido. Jovem em 78 foi preterido por Menotti na lista do time campeão em casa. Seria o mais jovem campeão mundial, desbancando Pelé. Em 1982 não brilhou no meio de um time envelhecido e que não teve a ajuda de 4 anos atrás.
Quando os argentinos chegaram para a Copa eram apenas coadjuvantes. Ainda mais por terem caído no grupo da Itália, então campeã. O time era fraco, tinha perebas que jamais formariam um time forte, sem um gênio da bola do lado. E Maradona estava decidido a deixar o vexame da Espanha para trás. E ele conseguiu...
O México não era a Sede para a Copa até 1983. A Copa seria na Colômbia, que decidiu não organizar por problemas financeiros e de violência - o Cartel de Medellin já tocava o terror no país e as FARC's idem. Com o rodízio informal de sedes entre Europa e América, a FIFA optou pelo México, que fizera um mundial exemplar em 70. Um ano antes da Copa um terremoto devastou a nação ( a segunda vez isso ocorria na história das Copas, a primeira fora no Chile ), mas isso quase não atrapalhou na organização.
Para a Copa de 86 aconteceu uma mudança no sistema de disputa. Das 24 seleções 16 passariam de fase, com 4 dos 6 grupos classificando também os terceiros colocados. Dessa maneira a Copa ganhou uma outra fase, que existe até hoje, a oitava de final.
Os participantes estavam divididos por continentes:
- América do Sul: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai;
- América do Norte: México e Canadá;
- Europa: Argélia e Marrocos;
- Ásia: Coreia do Sul e Iraque;
- Europa: Alemanha Ocidental, Bélgica, França, Itália, Polônia, Bulgária, URSS, Espanha, Hungria, Irlanda do Norte, Dinamarca, Escócia, Inglaterra e Portugal.
Após o sorteio, os grupos foram assim formados e decididos:
- Grupo A: Argentina, Itália, Bulgária e Coreia do Sul. Os campeões do mundo empacaram de novo em uma fase grupos, mas conseguiram passar assim mesmo, graças a uma vitória contra os coreanos. Os argentinos passaram em primeiro e a Bulgária se tornou a única seleção a se classificar com apenas 2 pontos para a segunda fase entre 86 e 94;
- Grupos B: México, Paraguai, Bélgica e Iraque. Os donos da casa outra vez passaram fácil. O Paraguai de Romerito ficou em segundo e os belgas, a muito custo, passaram em terceiro. Só porque venceram o Iraque;
- Grupo C: URSS, França, Hungria e Canadá. Russos e franceses ( então campeões europeus ) passaram com 5 pontos, só que o saldo dos russos era melhor. A Hungria venceu uma partida, mas perdeu a vaga para os búlgaros por causa do saldo. O Canadá apenas passeou;
- Grupo D: Brasil, Espanha, Irlanda do Norte e Argélia. O time de Telê Santana sofreu nas duas primeiras partidas, vencendo por 1x0 ( Espanha e Argélia ). E só deslanchou na aposentadoria de Pat Jennings ( lendário goleiro do Arsenal ), ao fazer 3x0. A Espanha ficou em segundo. E foi só;
- Grupo E: Dinamarca, Alemanha Ocidental, Uruguai e Escócia. Este foi o grupo ficou marcado por causa da "dinamáquina", apelido dado ao time de Michael Laudrup e outros. Venceu os 3 jogos e goleou os uruguaios por 6x0. Os alemães passaram por vencer os uruguaios e estes só passaram por terem batido os escoceses;
- Grupo F: Marrocos, Inglaterra, Polônia e Portugal. Os marroquinhos de Madjer surpreenderam e ficaram em primeiro. A Inglaterra de Barnes e Lineker ( guardem este nome ) ficaram em segundo e a Polônia de Boniek vivia sua última boa fase. Sobrou Portugal, que após 20 anos voltava para a Copa, mas Paulo Futre e seus colegas pouco puderam fazer, mesmo que tenham vencido na estreia.
Pela primeira vez desde 1938 a Copa teria 8 jogos eliminatórios. O México de Negrete e Hugo Sanchez fez 2x0 na Bulgária no estádio Azteca lotado; Os belgas de Gerets e Pfaff eliminaram os russos em León, numa partida que teve prorrogação 4x3: Em Guadalajara o Brasil passou sem sustos diante da Polônia ( 4x0 ); No clássico sulamericano em Puebla, Pascuilli decidiu para os argentinos contra o Uruguai, por 1x0; No estádio olímpico da Cidade do México, a França despachou a Itália ( 2x0 ); Em Monterrey a Alemanha acabou com o sonho marroquino ( 1x0 ), gol de falta de Lothar Matteus faltando 3 minutos para acabar a partida; De volta pro Azteca, os ingleses fizeram 3x0 no Paraguai, com dois gols de Lineker; E para finalizar, em Querétaro, a Dinamarca, sob olhares incrédulos, levou 5x1 da Espanha de Butragueño e Michel.
Nas quartas-de-final, no dia dos 26 anos do tri, o Brasil caiu perante a França de Platini, após 1x1 e 4x3 nos penaltys; Em Monterrey o sonho do México em jogar sua primeira semi-final ruiu perante os alemães, após 1x1 e perder por 4x1 nos penaltys; Em Puebla os belgas eliminaram a Espanha por 5x4 nos penaltys, após 1x1 em 120 minutos. E no Azteca... bom o Azteca viu a mais soberba atuação de Maradona em Copas: o gol do século ( após passar por 6 ingleses ) e "la mano de dios". Os argentinos até se sentiram vingados pela derrota na Guerra das Malvinas com os 2x1 e ninguém se lembra que Lineker ainda descontaria e viraria artilheiro da Copa.
Nas semi-finais, Maradona bastou para eliminar os belgas por 2x0, mesmo placar que os alemães aplicaram na França, que não conseguiu sua vingança de 82. Os derrotados se enfrentaram para decidir o terceiro lugar e o jogo foi 4x2, na prorrogação.
E veio a final entre alemães - vice quatro anos antes - e Maradona... quer dizer, Argentina. Brown e Valdano fizeram 2x0 e deram a impressão de que tudo estava decidido. Ai Rummenigge e Voller empataram em apenas 6 minutos. Quando parecia que seria outra prorrogação em final de Copa, o gênio se fez presente: um passe milimétrico para Burrochaga fazer o gol da conquista. Enfim Maradona se consagrava em Copas e ficou maior do que já era. E colocou sua seleção em um grupo seletíssimo: o das seleções com duas conquistas.
O Artilheiro
Gary Lineker era um jovem atacante reserva da Inglaterra na Copa. Só que com suas atuações ele virou titular. Fez 6 gols em 6 jogos e foi o artilheiro daquela Copa. O único britânico da lista de goleadores. Ainda jogaria a Copa de 90, quando ajudou o English Team a chegar na sua segunda semi-final.
O Brasil na Copa
Era a única chance de Zico, Falcão, Sócrates e Júnior de vencerem uma Copa do Mundo. O Técnico era o mesmo de 82, Telê Santana. Mas o time era mais fraco e envelhecido. E tudo ruiu diante da França de Platini. E logo Zico, exemplo maior daquela geração foi quem perdeu o penalty no tempo normal. 1x1 que permaneceu na prorrogação. E nas cobranças, Sócrates errou o primeiro e Júlio César o quarto, após Platini ter falhado bisonhamente a sua cobrança. E o sonho do tetra na terra do tri, acabou no mesmo dia em que Pelé e cia eternizaram-se na história das Copas. Crueldade com Zico, que não merecia ficar sem uma Copa. Azar da Copa, é claro...
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