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João Campos ( Governo de PE ) e Maria Eduarda ( Prefeitura ): precisam dos cargos? |
Eduardo Henrique Accioly Campos. O nome do ex-Governador será para sempre lembrado com respeito, até mesmo por muitos dos seus adversários ( só no PT é que possivelmente não terá esta honraria ). Seu nome está na História "queiram ou não queiram os juízes", como a letra de Madeira do Rosarinho, frevo do imortal Capiba. Acontece que, existe uma linha nesta história que é torta: a de domínio político.
Eduardo, como todos sabem, é neto do também ex-Governador Miguel Arraes de Alencar. Ele fora preparado pelo avo para ser seu herdeiro político, uma vez que nenhum de seus muitos filhos decidiu ( ou pode ) seguir na carreira do velho Arraes. Eduardo tinha pouco mais de 15 anos quando Arraes voltara do exílio e, convenhamos, ter o sobrenome Arraes deve ter imposto diversos dissabores a família. Mas Eduardo não tem Arraes no nome, tem no sangue e possivelmente isso tenha facilitado sua vida neste ínterim.
Com sua morte em Agosto de 2014, terminou uma vida cheia de louros sem ter conseguido fazer o que o avo Arraes sequer pudera: deixar um filho como herdeiro político, trabalhando ao seu lado. Eu, particularmente, nem sei Eduardo queria isso, porque alguém ai lembra de ter visto ele expondo os filhos em campanhas? Eu mesmo não consigo lembrar. Talvez porque Maria Eduarda, a mais velha, nem tem 25 ainda. João Campos, o segundo filho, tem 22. E, dada a lógica cruel na política, seria mais trabalhar o nome de João do que o de Maria. Coisas da política paternalista brasileira, que quando finalmente elege uma mulher dá no que temos atualmente. Ou seria melhor dizer no que não temos hoje com Dilma?
Eduardo não deixou, sequer, um herdeiro político fora da família e, ao que parece, os dois maiores expoentes dentro de Pernambuco querem, e ao mesmo tempo, somar o capital político do ex-Governador e eles mesmos: o Governador Paulo Câmara e o Prefeito do Recife Geraldo Júlio. O primeiro nomeou João Campos para o Cargo de Chefe de Gabinete e o segundo fez o mesmo com Maria Eduarda, que agora integra a empresa de Engenharia da Prefeitura.
Porque realizar tais nomeações em um momento tao ruim para a política brasileira, tao perdida na falta de ética e moral dos políticos? Afinal, todos também sabemos, Maria Eduarda e João Campos estão longe de precisarem do dinheiro dos cargos, pois a mãe é funcionária de carreira do TCU e o pai deixou duas polpudas pensões. Seria o caso de os dois - jovens e recém formados - trilhassem seus próprios caminhos, buscando em suas carreiras o destaque que acredito serem capazes de conseguir. Mas porque raios um Governador e um Prefeito resolveram fazer isso? E na pior hora possível?
Dentro do PSB, partido do qual estou fora a mais de 2 anos, o nome de João Campos é tratado como o de um futuro Governador. Tem 22 anos e eu não duvido que chegue lá um dia. Contudo, não estaria o PSB passando a imagem errônea de quem quer o poder pelo poder? Porque ao aceitar - talvez até tenha exigido, vai saber - o Partido pretende que o nome de Campos não caia no esquecimento, algo que jamais irá acontecer. A ideia, pode terminar sendo outra: trazer os holofotes para cima do partido e dos Governos Estadual e da Capital. Holofotes ruins, diga-se. Por fim, como falar em nova política se uma família vai preenchendo os espaços que poderiam ser de outros pernambucanos? Qual diferença, do ponto de vista meramente político, entre os Campos e os Sarney? Ou os Alves e Maia no Rio Grande do Nortes? Com certeza, agindo assim, nenhuma.
Debati com um amigo virtual no Facebook, gente boa e de grande visão, de que não é Moral a nomeação. Ele entende que imoral não seja, eu entendo que pode até não ser imoral por completo, mas está longe de ser 100% moral. Legal, eu garanto, é, Mas a repercussão deixa claro que moral não foi. Ao menos, foram totalmente desnecessárias e inoportunas estas nomeações.