Senador Mineiro tem um papel a cumprir... mais de 51 milhões de brasileiros merecem isso |
Costumo dizer que não existe isenção. Ninguém é isento, até porque na nossa condição de "animal pensante", todos fazemos escolhas e em algum momento elas sempre vão interferir em nossas vidas. Por isso é que afirmo que isenção é uma utopia. Um narrador esportivo sempre tem um time de coração, uma mãe sempre tem um filho preferido, um cronista político sempre tem um preferência partidária e assim por diante. E eu, claro, não sou diferente. Não sou isento. E nem faço questão de sê-lo. Mas tento deixar isso de lado ao fazer análises. Algumas vezes eu consigo, outras não. Faço este preâmbulo para avisar que, de isento, este texto nada terá a partir de agora. Se você votou em Aécio Neves ( PSDB ) gostará dele, se votou em Dilma Rousseff ( PT ) - re-eleita presidente ontem com 51,64% dos votos - e tiver discernimento Democrático, também gostará, mas se fizer parte daqueles que tem ódio no coração, com certeza não passe desta linha. É um aviso. Adiante.
Desde 2002 que temos embates no segundo turno entre Petistas e Tucanos. 2 foram os representantes do PT: Lula e Dilma, ambos eleitos e re-eleitos. Pelo lado dos Tucanos foram 3 que disputaram eleições: José Serrá ( 2002 e 2010 ), Geraldo Alckmin ( 2006 ) e o Senador Aécio Neves agora em 2014. De todos eles, quem passou mais perto de conseguir destronar o PT do poder foi o mineiro. Que viveu, por assim dizer, uma verdadeira Odisséia. Esteve muito perto de ficar de fora do segundo turno, quando o avião que levava Eduardo Campos ( PSB ) caiu em Santos, no dia 13 de Agosto. Naquele momento ele começava a crescer nas pesquisas, com o último levantamento mostrando ele com 22%. Na época a presidente Dilma estava estagnada na casa dos 38%. O segundo turno era óbvio. Era...
Com a comoção criada pela morte de Eduardo Campos, o jogo mudou rapidamente. Marina Silva assumiu a candidatura, era a vice, e foi a luta. Na primeira pesquisa, ela já apareceu na frente de Aécio. Na segunda, terceira e quartas pesquisas ela já estava empatada com Dilma no primeiro turno e a frente no segundo. Parecia que seria capaz até de levar no primeiro turno a eleição. Assim estava no começo do Setembro. Em 15 dias, Aécio tinha apenas 14%, quase a metade do que tinha antes do fatídico dia 13 de Agosto. Ele parecia fora do jogo. Parecia...
Enquanto o PT dirigia sua máquina de ataque para a ex-companheira e ameaça, Aécio Neves manteve-se obstinado em chegar aonde queria: a presidência. Foi as ruas, percorreu o Brasil e foi incisivo nos Debates, onde foi melhor em quase todos eles. Marina Silva ( PSB ) com pouco mais de 2 minutos de tempo no Guia, pouco podia fazer para defender-se dos ataques vis que o PT lhe desferia. Começou a far resultado a partir do dia 15 de Setembro, Marina começou a cair. Mas Aécio Neves não subia e quem se aproveitava da queda era Dilma, mesmo que timidamente. Quando começou a última semana, parecia mais fácil Dilma vencer já no primeiro turno do que Aécio ir para o segundo turno. Mas ele manteve confiante. Apenas ele e uns poucos aliados. Alguns já articulavam apoio a Marina. Ele desautorizava todas estas negociações. Eis que...
Veio o Debate da Rede Globo, o mais esperado e visto de todos. O seu desempenho foi memorável, de quem realmente tinha confiança que estaria no segundo turno. Um adendo: Aécio nestes dias já sabia que perderia o Governo de Minas Gerais para o PT, por uma escolha errada de candidato. Esse erro lhe custaria muito na disputa. Voltemos ao primeiro turno. As pesquisas da Sexta e Sábado antes do primeiro turno, apontavam que Aécio poderia superar Marina. Uma virada impossível 10 dias antes. Mas que aconteceria...
Com mais de 33% dos votos, ele foi ao segundo turno. E chegou ao fim dele com mais de 48% dos votos ( mais de 51 milhões de votos ) ao enfrentar uma das campanhas mais sujas já promovidas pelo PT, que é especialista em sujeiras, diga-se de passagem. Obteve esta votação com apenas um Governador eleito pedindo votos para ele no Nordeste, conseguiu expressiva vantagem no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas viu tal vantagem ser anulada pelo Nordeste e Norte. Por mais que apontem a derrota dele em Minas, eu sempre lembrarei a todos que Dilma também é Mineira, portanto o eleitor do estado escolhia entre dois conterrâneos. E ele venceu na Minas Gerais com melhor IDH e menos propensa ao Bolsa Família. Ele venceu em 8 das 10 maiores cidades do Estado. Ela em 160 das 200 menores. Isso diz muito sobre os dois. Aliás, diz muito sobre o Brasil. Adiante.
Aécio Neves sai desta eleição maior do que entrou. Ao contrário de José Serra e Geraldo Alckmin, paulista como este blogueiro, ele vira um líder nacional. Precisa assumir esta posição e levar o seu partido a conversar melhor com o Nordeste e reverter esse quadro na região, que chamo de "bloqueio mental". Se conseguir isso, terá plenas condições de sair vencedor em 2018. Dependerá disso muito de como ele se portar no Senado, onde tem mandato. Terá que reforçar sua base, levando sua influência além da áreas mais habitadas. Ele tem a obrigação de se portar como o líder de quase a metade de brasileiros, que disseram não ao PT.
Aécio Neves perdeu a eleição, mas isso não o faz dele um derrotado. Perder contra a máquina do Governo por pouco mais de 3% não torna ninguém derrotado. Lula perdeu por mais de ¨% na primeira eleição. E virou presidente. O mesmo pode acontecer como Aécio Neves. Basta ele decidir ocupar o posto de líder.
Segundo funcionários do TSE, Aécio liderou até os 90% das urnas apuradas. Foi por pouco na minha visão. MG foi o calo.
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