Em pé: Djalma Santos, Zito, Gilmar, Zózimo, Nilton Santos, o capitão Mauro e Paulo Machado; Agachados: Mário Américo, Garrincha, Didi, Vavá, Amarildo e Zagallo. |
A sétima Copa do Mundo fora designada ao Chile. Que se preparava para realizar uma grande Copa, quando um terremoto devastou o país em maio de 1960. A FIFA cogitou tirar a Copa da país, mas ai surgiu uma das frases mais emblemáticas da história dos mundiais: "porque nada tenemos, lo haremos todo" ( porque nada temos, tudo faremos ).
Até então apenas 4 países tinham vencido a competição: Uruguai ( 30 e 50 ), Itália ( 34 e 38 ), Alemanha ( 54 ) e, claro, o Brasil que era o atual campeão. Que tinha o melhor jogador do mundo naqueles dias, o Rei. E a base da seleção vencedora fora mantida, com apenas duas alterações, ambas na zaga: Bellini e Orlando deram lugar a Mauro ( que herdou a braçadeira de capitão ) e Zózimo. No mais, eram o mesmos jogadores.
A Copa foi realizada excelentemente dentro de campo, mas fora as marcas do desastre permaneceram. Mas o futebol rolou e todos conseguiram locomover-se bem dentro do Chile. Assim como em 58, dezesseis seleções participaram e o regulamento era o mesmo, somente com uma sutil diferença: adoção do saldo de gol para definir quem passava de fase. Com isso, nunca tivemos jogo extra para definir um classificado. Por continentes, as seleções estavam assim distribuídas:
- América do Sul: Chile, Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia;
- América do Norte: México;
- Europa: Itália, Tchecoslováquia, Iugoslávia, Alemanha, Espanha, Inglaterra, URSS, Suíça, Bulgária e Hungria.
Os grupos foram assim formados e decididos:
- Grupo A: URSS, Iugoslávia ( classificados ), Uruguai e Colômbia. Os soviéticos passaram tranquilos pelo grupo, exceto pelo empate de 4x4 com a Colômbia, que foi apitado por um húngaro que disse, depois, que empatou o jogo em represália política ( em 57 Moscou invadiu Budapeste para evitar que a Hungria passasse para um regime mais capitalista ). Os iuguslavos venceram os uruguaios e ficaram em segundo. Primeira eliminação dos nossos rivais em uma primeira fase de copa;
- Grupo B: Alemanha Oriental, Chile ( classificados ), Suíça e Itália. O futebol italiano seguia ruim em Copas. Pela quarta vez consecutiva, ficaram na primeira fase. Tomaram parte naquele conhecido como o mais violento jogo da história das Copas, contra os chilenos. 3 jogadores expulsos, um com a perna quebrada e diversas brigas durante a peleja. Os alemães ficaram em primeiro ao derrotar o Chile em um, digamos assim, jogo mais tranquilo. E a saga dos donos da casa, ao menos, passarem de fase seguia;
- Grupo C: Brasil, Tchecoslováquia ( classificados ), Espanha e México. O Brasil começou confirmando seu favoritismo, batendo o México, mas empatou com os tchecos, quando perdeu Pelé por contusão ( estiramento na coxa ). Como a Espanha também vencera o México e tinham perdido na estreia para os tchecos, os 3 entraram na rodada final com chances. Para ser primeiro, bastava vencer. Perder resultaria na eliminação. E o Brasil, com Amarildo no lugar de Pelé, foi a campo contra a Espanha. Saiu atrás e sofreu um gol anulado, no qual acontecera um penalty, salvo por Nilton Santos ao dar 2 passos para fora da área ( imagem abaixo ). Com dois gols de Amarildo, vencemos os espanhóis e ficamos em primeiro, porque o tchecos conseguirem perder para o México.
- Grupo D: Hungria, Inglaterra ( classificados ), Argentina e Bulgária. Grupo equilibrado onde ninguém venceu os 3 jogos, onde Inglaterra e Argentina terminaram empatados em pontos, ficando os primeiros com a vaga. A Hungria vivia de novo um bom momento e ficou em primeiro lugar.
observe que além de ter feito penalty, Nilton Santos ainda dá dois passos para frente, mas fica em cimada linha, que é parte da área. Ainda seria penalty, caso a falta ocorresse ali... |
Vieram então as quartas de final, começando pelo embate entre os donos da casa perante os russo, em Arica, vencido pelo Chile por 2x1; Em Rancagua, os Tchecos despacharam a Hungria ( 1x0 ); Em Santiago a Iugoslávia enfim eliminou a Alemanha em um mata-mata ( 1x0 ); Já em Viña del Mar, o Brasil precisou de toda a genialidade de Garrincha para derrotar a Inglaterra por 3x1. Mané jogou por Pelé e colocou o Brasil em mais uma semi-final, a quarta até então.
Nas semi-finais, o Estádio Nacional seria o palco de um embate sulamericano por uma vaga na final. E os chilenos estavam eufóricos e acreditavam que poderiam parar o time brasileiro e até diziam que estava na hora do mundo conhecer o verdadeiro Chile. O maior público da Copa foi naquela partida ( 76.500 ), mas o Chile não era páreo para Mané. Que fez de tudo: gol de cabeça, coisa que ele odiava de fazer pois machucara a cabeça quando jovem, gol de fora da área, entortar diversos joões ( como ele chamava seus marcadores ). Aos 32 minutos ele já fizera 2x0, com Toro descontando pros chilenos. No segundo tempo Vavá aumentou logo aos 2 minutos, com Sánchez outra vez descontando, em cobrança de penalty aos 26. Mas Vavá, o peito de aço, deu números finais 33. E ainda houve tempo para Garrincha ser expulso, ao revidar agressões sucessivas do seu marcador. E isso iria render uma bela história... na outra partida, a Tchecoslováquia passou pela Iugoslávia por 3x1 e iria repetir a partida da fase de grupos.
Após a partida, era aguardada ansiosamente a súmula da partida do Brasil, para verificar o que o árbitro peruano Arturo Yamazaki iria relatar. Acontece que ele sumiu de Santiago e não entregou nada à FIFA. Reza a lenda que ele foi pago por integrantes da nossa comissão técnica e saiu às pressas para Lima. Verdade ou não é que sem a súmula, Garrincha foi liberado para a final... mas uma gripe o pegou de jeito e ele foi para a partida com 37 graus, em estado febril. Apenas dançava diante dos tchecos, que sem saber colocam 3 jogadores para marcá-lo. Praticamente nada fez na final, mas foi importante.
Por falar em final, o Tchecos saíram na frente, o que o amigo leitor já deve saber não era nada auspicioso até 1970: todos que abriram o placar foram derrotados ao fim da partida. Amarildo empatou em um lance sem ângulo, a primeira falha do melhor goleiro da copa, Masopust. No segundo tempo, em jogada de Amarildo o volante Zito marcou de cabeça. E perto do fim, Djalma Santos cruza na área e Masopust falha bisonhamente ( atrapalhado pelo sol ) e Vavá marca o terceiro. Ele é até hoje o único a marcar em duas finais seguidas ( Pelé também marcaria em duas finais, mas em 58 e em 70 ). Vavá também é um dos únicos 3 jogadores a marcar 3 gols em finais de Copa. Além do Rei, o inglês Geophrey Hurst também ostenta esta marca, mas este fez os 3 num só jogo.
Festa e o Capitão Mauro Ramos de Oliveira se torna o primeiro jogador a repetir o gesto imortalizado por Bellini quatro anos antes.
O Artilheiro
Drazen Jerkovic foi artilheiro da Copa, mas até 1993 dividia esta honraria com outros 5 jogadores ( entre eles Mané Garrincha - o craque da Copa - e Vavá ), todos com 4 gols. Somente 31 anos depois foi que a FIFA revisou o terceiro gol da seleção de seu país contra a Colômbia. Assim ele passou a ter 5 gols e isolando-se na artilharia.
Drazen foi o primeiro técnico da história da Seleção da Croácia, quando esta se declarou independente da Iugoslávia. Ficou entre 1992 e 94, sem conseguir classificar o time para Copa dos EUA. O time foi prejudicado por não poder atuar diante de sua torcida, por causa da guerra entre as nações dos balcãs... Ele morreu em 2008, ao 72 anos de um enfarte do miocárdio.
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