Vitório Pozzo, com a Jules Rimet, comandou um esquadrão ofuscado pelo "Dulce" e o Facismo |
A primeira Copa do Mundo em solo europeu ficou marcada pelo clima do pré-guerra e da exaltação do Facismo, regime que comandava a Itália. Benito Mussolini era presença certa em todos os jogos da "squadra azzura". Já havia o clima de tensão que resultaria no mais sangrento conflito da história da humanidade. Mas naqueles dias entre 27 de maio e 10 de junho, o futebol deu as cartas. Um dado importante: em represália ao boicote ao mundial realizado em 30 por parte dos europeus, a Celeste resolveu não participar deste na Itália. O que repetiria quatro anos depois na França.
Foi a primeira Copa para a qual foram previstas eliminatórias, pois ao contrário de 4 anos antes, os inscritos superaram demais as vagas previstas, que eram as mesmas 16. Até a anfitriã Itália precisou passar pelas classificação, algo que só aconteceu nesta Copa. Feitos os cortes, sobram 16 nações, assim distribuídas por seus continentes:
- Europa: Itália, Alemanha, Bélgica, Suécia, Espanha, Suíça, Holanda, Tchecoslováquia, Romênia, Áustria, França, Hungria.
- América do Sul: Brasil e Argentina.
- América do Norte: Estados Unidos.
- África: Egito.
O modo de disputa também foi muito diferente: os 16 países disputariam eliminatórias até a final. Isso implicava que 8 times jogariam apenas uma partida. E assim começou a Copa, com inacreditáveis 8 jogos no mesmo dia, o que só ocorreu nesta edição. Em Florença os Alemães passaram pela Bélgica ( 5x2 ); Em Bologna a vice-campeã Argentina perdeu para os suecos ( 3x2 ); Em Milão a Holanda caiu perante os suíços; Em Triste os tchecos superaram os romenos ( 2x1 ); Em Turim a Áustria precisou da prorrogação para eliminar a França ( 3x2 ); Em Nápoles Hungria passou fácil pelo Egito ( 4x2 ); Em Gênova a fúria espanhola eliminou um disperso Brasil ( 3x1 ); E na capital Roma, os anfitriões massacram o time dos EUA ( 7x1 ), para a alegria de "Il Dulce". E assim como 4 anos antes, apenas países do continente onde a Copa acontecia disputariam as fases mais agudas. Uma curiosidade que só seria quebrada pelo Brasil na França, quatro anos depois.
4 dias depois, mais quatro jogos: Alemanha 2x1 Suécia ( Milão ); Suíça 2 x 3 Tchecolosváquia ( Turim ); Áustria 2 x 1 Hungria ( Bologna ). Eis que em Roma... tivemos o primeiro empate em partida eliminatória da história das copas, após Itália e Espanha empatarem por 1x1 após 120 minutos de futebol. Naquela época, isso representava outra partida marcara para o... dia seguinte!!! Um fato: reza a lenda que um atacante italiano, a mando do técnico Pozzo, tenha dado uma cotovelada em Ricardo Zamora, goleiro da fúria. Zamora estava fechando o gol naquela partida. Existe muita controvérsia, mas o fato é que Zamora não jogou no dia 1° Junho e a Fúria caiu perante a Azzura por 1x0, gol de Meazza.
Agora restavam apenas 4 times. E no dia 03 de Junho, aconteceram as semi-finais: Em Milão os donos da casa eliminaram o wunderteam ( time maravilhoso ) dos austríacos por 1x0, enquanto que em Roma os Tchecos passaram pelos Alemães por 3x2. No dia 7 de Junho, a Áustria perdeu para a Alemanha por 3x2.
E veio a decisão. Diante do "Dulce" só um resultado interessava: a vitória. E ela veio, mas com grande sacrifício. Puc abriu o placar os tchecos aos 31 minutos do segundo tempo. Parecia que não daria. Mas 5 minutos depois Orsi empatou ( argentino naturalizado ). A partida foi para a prorrogação. E o goleiro Planicka atuava com duas costelas quebradas por Meazza. Aos 5 minutos do primeiro tempo da prorrogação o gol que liberou o grito dos tiffosi ( torcedor, em italiano ) presentes no estádio ( não era o atual olímpico, que seria construído para os Jogos de 1960 ) começarem a festa. Vitorio Pozzo respirou aliviado, já que a sua cabeça poderia rodar caso o time perdesse a Copa. E não é uma metáfora.
A Copa chegava ao fim. E ficaria eternamente marcada mais pelo fator fora de campo e a política do que dos grandes craques. Guiseppe Meazza um dos imortais do "calcio" é menos citado do que Mussolini. Dois árbitros foram expulsos por seus países por terem - ajudado - os anfitriões. Não seria a única vez em que o país sede mexeria seus pauzinhos para vencer...
O Artilheiro:
Oldrich Nejedly da vice-campeã Tchecoslováquia |
Os Tchecos chegaram na final da Copa e devem isso muito aos 5 gols de Nejedly, artilheiro da Copa.
Brasil na Copa
Passados 4 anos, o futebol brasileiro seguia uma verdadeira bagunça ( passados 80 anos, mudou alguma coisa? ). Em 1933 o profissionalismo fora implantado, com a partida entre Santos x São Paulo da Floresta ( não é o atual time do Morumbi ) acontecida na Vila Belmiro e vencida pelos visitantes por 5x1. Acontece que a CBD permanecia amadora. E era ela quem determinava quem seriam os convocados. A rivalidade entre paulistas e cariocas era maior ainda do que em 30, a tal ponto de o Palestra, atual Palmeiras, colocar seus jogadores trancados em um sítio com seguranças para evitar o aliciamento da CBD. Que mesmo se dizendo amadora, pagava por jogadores. Assim é que o Diamante Negro foi para a Itália.
Mais uma vez com uma seleção enfraquecida, o time partiu para a longa viagem de navio, levando sacas de café para custear as despesas. O time chegou no dia anterior a partida e não foi páreo para os espanhóis, que rapidamente fizeram 3x0. Leônidas da Silva ( o Diamante ) descontaria. Ainda teríamos um penalty perdido por Waldemar de Brito. E assim tivemos nossa pior participação em Copas.
Se algo de bom pode ser visto, destaco duas:
- O primeiro gol de Leônidas da Silva. Ele seria o artilheiro da copa seguinte;
- Waldemar de Brito descobriria, 20 anos depois, um certo gasolina. Não sabem quem é? Espere até o texto de 1958...
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