Em ordem: Miguel de Cervantes, William Shakespeare, Luís de Camões e Machado de Assis. |
Sou, e não faço a menor questão de esconder isso, um áspero crítico daqueles que acreditam que a Educação no Brasil esteja em um nível, sequer, aceitável. Estamos longe, mas muito longe, do ideal. Nossos alunos ainda não desenvolveram a capacidade que, creio eu, os dos anos 70 possuíam. É um debate intenso, mas eu vivi na pele a decadência da educação em Pernambuco, exemplificada pelo apogeu e depois total ruína da Escola Carlos Pena Filho, que começou no Governo Arraes ( uma das razões para eu não o colocar como MITO, assim como tantos o fazem ) e foi terminada - com extrema competência - no Governo Joaquim Francisco. Sei bem do que falo, pois estudei na escola entre 1982 e 1991.
Adiante. Recentemente ficamos sabendo que pela primeira vez desde 1988, o número de analfabetos aumentou, um dado preocupante com certeza. Mas existe outro estudo que mostra que temos além do analfabetos totais uma gama de pessoas que passaram pela escola sem adquirirem conhecimento, os chamados "funcionais". Não tenho o total e nem irei procurar porque não é sobre eles este post, mas acho necessário dizer o óbvio: os dados oficiais são defasados. Mas disso, todos sabemos. Ninguém acredita neles, desde o de inflação ao de Desemprego. A questão é demonstrar que a Educação está muito distante do que um dia foi ( mesmo que antes fosse excludente ). Acontece que alguns tratam os números oficiais de acordo com suas ideologias políticas. Eu não.
Cheguemos agora na ideia central deste texto: o Ministério da Cultura permitiu a uma escritora(??) captar recursos via lei de incetivos fiscais, para fazer uma releitura de uma das obras de Machado de Assis. Isso já é um disparate em si, mas vai além disso. O motivo segundo a "culta" escritora é que os alunos não leem mais as obras dos grande autores porque não entendem o que está escrito. Sim, é a sua justificativa.
Eu mesmo nunca fui ( e nem sou ) um amante da literatura. Mas não porque não entendesse, mas sim porque não me seduzia ( sempre preferi um bom gibi do Tio Patinhas, meu preferido ). Mas li algumas obras ( O cortiço, Iracema, Dom Casmurro, Casa Grande Senzala entre outras ). Foram livros que até enriquecem meu conhecimento em diversas áreas e foram especialmente benéficas para meu curso de História. Porque a literatura serve para demonstrar os costumes da sociedade da época em que foram escritas. Ai me vem uma escritora(??) trocar sagacidade por esperteza na obra "O Alienista" ( que juro, nunca li ).
O nome da pessoa que se atreve a fazer tal despropósito é Patrícia Secco ( talvez o cérebro dela case bem com seu sobrenome ). Ao ler para escrever este texto descobri que um autor será "relido" por Patrícia: José de Alencar e seu livro Pata de Gazela ( que também nunca li ). E descobri que ela era bem mais audaciosa no seus devaneios: queria reler diversas obras ( Memórias de um Sargento de Milícias e O Cortiço dentre outras ).
Alguém pode, com razão, arguir que qualquer pessoa pode fazer isso. Sim, pode. Eu condenaria do mesmo modo, mas nem é esse o problema. O X da questão é que o contribuinte vai bancar isso. Sim, caro leitor, eu e você com a grana dos nossos impostos é que vamos bancar esta patacoada. Se Patrícia quer estragar a literatura brasileira, que o fizesse com seus recursos ou que buscasse patrocinadores sem retirar receita dos cofres públicos. E sim, renúncia de receita é dinheiro público sim. Porque se deixa de entrar por uma porta, os Governos recuperam na outra ponta, normalmente, com aumento de - que coisa - com aumento de impostos. Como se não tivéssemos uma das mais altas cargar tributárias do mundo.
Acha que acabou? Não, agora é que fica pior: 600mil exemplares serão distribuídos nas escolas pelo Instituto Brasil Leitor. Nossos filhos terão acesso a isso.
Ai o leitor pode se perguntar o que fazem as fotos dos grandes autores da Espanha ( Cervantes ), Inglaterra ( Shekespeare ) e de Portugal ( Camões ) no começo deste post. É que, segundo Patrícia, eles podem ser os próximos da lista. Afinal os jovens são "espertos" demais para entenderem o que eles escreveram no passado. Genial!!!
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