sábado, junho 7

Estados Unidos 1994: A Copa de Romário

Sem Romário, aquele time horroroso jamais teria sido campeão...
A Copa do Mundo chegava ao maior país do mundo... economicamente, pois no futebol estava bem longe de ser relevante. Os EUA se prepararam muito bem para realizar uma Copa inesquecível e nada faltou para as 24 seleções. Nada. Estádios belos e sem que nenhum deles fosse erguido só para a competição. Esta também foi a primeira Copa a não ter sede fixa para os cabeças de chave, que passariam a rodar os país organizador.

O Brasil correu um risco razoável de ficar de fora, quando precisou convocar um certo baixinho que estava sendo ignorado pelo Técnico Carlos Alberto Parreira: Romário. Ele chegou apenas para a partida final, jogada no Maracanã diante do Uruguai. E o Brasil poderia empatar, aos uruguaios só a vitória interessava. Isso lhe parece familiar? Pois é... só que Romário chegou durante a semana, fez os dois gols e colocou o Brasil na Copa. E virou a estrela do time. 


A Copa que aliás não teria nem França e nem Inglaterra em suas últimas ausências. Pela última ultima vez também apenas 24 times jogariam o torneio, já que na França seriam 32. As seleções que foram aos Estados Unidos estavam assim divididas:
  • América do Sul: Brasil, Bolívia, Argentina e Colômbia;
  • América do Norte e Central: México e EUA;
  • África: Camarões, Nigéria e Marrocos;
  • Ásia: Arábia Saudita e Coreia do Sul;
  • Europa: Itália, Suécia, Alemanha, Bulgária, Romênia, Bélgica, Holanda, Irlanda, Espanha, Rússia, Grécia, Noruega e Suiça.
Os grupos foram sorteados e ficaram assim divididos e decididos:
  • Grupo A: Romênia, Suíça, EUA e Colômbia. O time de Francisco Maturana era uma das favoritas para a Copa, acreditem nisto. Mas uma vez na Copa, o oba-oba e a contusão de 2 jogadores importantes ( Ríncon e Valderrama ), tiraram os cafeteros da jogada. A Romênia de Hagi passou em primeiro e a Suíça ficou em segundo. Os donos da casa ainda conseguiram a vaga em terceiro;
  • Grupo B: Brasil, Suécia, Rússia e Camarões. Brasil e Suécia venceram os dois rivais nas duas primeiras rodadas e foram decidir, em Detroit no Silverdome, o primeiro lugar. Os suecos abriram o placar com Kenneth Andersson, mas Romário - de bico - empatou. E o Brasil ficou em primeiro;
  • Grupo C: Alemanha, Espanha, Coreia do Sul e Bolívia. Os campeões mundiais venceram duas partidas e empataram com a Espanha. Não fosse um tropeço dos ibéricos diante da Coreia do Sul, teria ficado em segundo. Só  os europeus passaram no grupo;
  • Grupo D: Nigéria, Bulgária, Argentina e Grécia. Um dos grupos mais equilibrado da Copa, talvez até de todos os tempos, só perde para o Grupo F desta mesma Copa. A Grécia perdeu de todo mundo e os outros 3 trocaram derrotas. Pior para a Argentina, que ficou em terceiro e seria eliminada logo na sequência. Pela segunda Copa seguida um africano passava de fase e finalmente a Bulgária vencia uma partida em Copas!!! Também foi neste grupo que Maradona se despediu de Copas, sendo flagrado no anti-doping da partida contra a Grécia, vencida pelos argentinos por 4x0;
  • Grupo E: México, Irlanda, Itália e Noruega. A Copa dos EUA teve 3 grupos bem disputados. O anterior eu considero mais equilibrado porque 3 times fizeram 6 pontos. Aqui todos fizeram 4 e pela primeira vez, um time ficou de fora com 4 pontos. O México ficou em primeiro de um grupo pela primeira vez fora de seu país. Os irlandeses ficaram em segundo, com a Itália em terceiro. E sobrou para a Noruega;
  • Grupo F: Arábia Saudita, Holanda, Bélgica e Marrocos. Tão equilibrado quanto o grupo D, este não teve um saco de pancadas, pois o Marrocos, o único eliminado perdeu suas partidas pelo placar mínimo. A Bélgica liderava antes da rodada final, mas... o golaço de Al-Owairan driblou meio time belga e deu o primeiro lugar para o seu país, o primeiro árabe a passar de fase em uma Copa. Como a Holanda bateu o Marrocos, os belgas caíram para terceiro. Isso seria falta na próxima fase.
Os embates para definir quem seguiria para as quartas de finais começou pelo confronto entre Bélgica e Aleamanha, disputado no Soldier Field em Chicago. E o maior erro de arbitragem da Copa foi verificado nesta partida, que terminou 3x2 para os Alemães. Aos 40 minutos do segundo tempo, acontece um penalty claro para a Bélgica, mas o árbitro não marcou; Em Washington, a Espanha não tomou conhecimento da Suíça ( 3x0 ); Em Dallas o sonho dos sauditas terminou diante da Suécia ( 3x1 ); No Rose Bowl em Los Angeles, a Argentina sem Maradona não conseguiu jogar um bom futebol e foi eliminada pela Romênia, de Georgi Hagi ( 3x2 ); Em Orlando, a Holanda venceu a Irlanda ( 2x0 ); No dia da independência dos EUA, o Brasil venceu os donos da casa, com um jogador a menos, gol de Bebeto em assistência perfeita de Romário; Em Boston a Itália, com atuação brilhante de Baggio, virou para cima da Nigéria ( 2x1 ), na prorrogação; Já em Nova Yorke decepção para a imensa colônia mexicana: no jogo de despedida de Hugo Sanchez, o México caiu nos penaltys para a Bulgária, que seguia sua saga naquela copa ( 1x1 no tempo normal e 3x1 nos penaltys ).


A briga por uma vaga nas semi-finais foram de partidas memoráveis e que passariam para a história. Em Dallas o Brasil fez 2x0 com Bebeto e Romário e parecia classificado, mas Bergkamp e Winter empataram pra Holanda. Só quando Branco cobrou falta e Romário saiu do meio, é que o Brasil pode voltar a uma semi-final; Em Boston, o jogo com outro erro gravíssimo de arbitragem que ignorou uma cotovelada de Donadoni em Luiz Henrique dentro da área, quando a partida estava 1x1. Logo depois Baggio fez o gol que colocou a Squadra Azzura em mais uma semi-final; Em Nova Yorke, o choque: os búlgaros eliminavam - de virada - os campeões do mundo: 2x1, com show Hristo Stoichkov; Por fim, em São Francisco, após 1x1 no tempo normal e também na prorrogação, romenos e suecos foram pro penaltys, onde Thomas Ravelli brilhou com duas defesas e pela quarta vez os suecos se colocavam entre os 4 primeiros de uma Copa.



Estando entre os 4 primeiros pela primeira vez em 16 anos, o Brasil decidiria em Los Angeles se voltaria para uma final após 24 anos. E o jogo foi tenso, com direito a gols perdidos por parte do time azul - sim, jogamos de azul mais uma vez naquela Copa, com a Suécia claramente querendo levar a partida para as penalidades fatais. Até que, perto do fim, acontece o improvável: Romário, de cabeça, desata o nó e marca o gol da vitória. Mais inesperado, impossível. Na outra partida jogada em NY, Baggio bastou para que a Itália pudesse buscar a vingança da final do México em 70, ao marca duas vezes diante da Bulgária, com Stoichkov descontando de penalty. Na decisão do terceiro lugar, uma exausta Bulgária não foi páreo para a Suécia e levou 4x0, todos no primeiro tempo.

E veio a final. Brasil x Itália, cada uma das seleções querendo suas vinganças contra o rival. E uma notícia espantou a todos: Franco Baresi iria jogar, isso após ter feito uma cirurgia durante a Copa!!! Maior prova de superação, impossível. Romário e Baggio eram as estrelas, mas os dois chegaram machucados para a partida que seria jogada em Los Angeles, no Rose Bowl no dia 17 de Julho, ao meio dia!!!


Em uma partida, por si só cheia de tensão, o lateral Jorginho se machucou logo no começo do jogo. em seu lugar entrou Cafu ( que por causa disso se tornaria o único a jogar três finais de Copa em toda a história ). A partida foi bem disputada, embora o Brasil tenha sido melhor, a Itália teve suas chances. Romário foi bem marcado por Baresi e Baggio até teve espaço, mas estava no extremo sacrífico. Veio a prorrogação e o Brasil quase marcava com Romário, mas Baggio também teve sua chance. E pela primeira vez, uma Copa seria decidida nos penaltys. Baresi, logo ele, erra o primeiro da Itália. Márcio Santos tem sua cobrança defendida por Pagliuca. Albertini faz, Romário acerta a trave mas a bola entra. Evani e Branco não dão chances aos goleiros: 2x2. Quando Massaro se prepara, todos gritam: Taffarel. E ele defende!!! O capitão Dunga - de longe o pior de todos os capitães a vencer uma Copa - desloca Pagluica e o Brasil estava a uma cobrança de ser tetra: se Taffarel defendesse ou Baggio perdesse terminaria a Copa. Se ele marcasse, Bebeto só teria que converter a sua cobrança. Nem seria necessário...



Baggio jogou a bola por cima e o Brasil ganhou o Hexa. A festa voltava aos país do futebol, que encerrava assim o jejum que já perdurava desde 1970 contra o México, diante da mesma Itália. O tetra era nosso. Todos os fantasmas foram expurgados. Só um detalhe feio: a volta para o Brasil ficou conhecido como o voo da muamba, tamanha era a quantidade equipamentos eletrônicos que vieram na bagagem da Copa. O mais importante, contudo, estava na bagagem: a primeira Copa FIFA de nossa história.

Os artilheiros

Hristo Stoichkov pôs a Bulgária na história das Copas com seus gols...
Oleg Salenko: desconhecido antes e depois de ser artilheiro...
Esta era, até o mundial da África do Sul, a única Copa a ter mais de um artilheiro. É que a duvida sobre a artilharia do Mundial do Chile fora desfeita no ano anterior. Oleg Salenko foi artilheiro tendo jogado apenas 3 partidas, o que lhe dá uma média espantosa de 2 por jogo, já que marcou 6 nos gramados dos Estados Unidos. Mas ele fez 5 em uma única partida, na goleada de 6x1 contra Camarões ( partida na qual Milla se tornou o atleta mais velho a marcar gols em Copas ). Nunca foi nada antes da Copa e nem seria nada depois. Teve a sorte de pegar um time em frangalhos e aproveitou a chance.

Já o outro artilheiro daquela Copa foi um dos melhores jogadores de sua geração: o búlgaro Hristo Stoichkov, que a época jogava no Barcelona de Cruiff, ao lado de Romário e outros craques. Ele foi o fator que permitiu a Bulgária vencer a sua primeira partida em Copas ( 4x0 na Grécia ) e a fazer a sua melhor campanha. Fez gols fundamentais, como na partida contra a Alemanha e figurou no melhor 11 da Copa. Craque de bola, não conseguiu levar o time para a final, mas talvez isso fosse demais com um time tão limitado a sua volta...

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